O Ministério Público de São Paulo obteve da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital a quebra do sigilo bancário do presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil) . A medida foi obtida em 2023 no âmbito das investigações sobre a empresa Transwolff, cuja gestão é acusada de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). O caso foi revelado por Folha de S.Paulo e confirmado por Estadão.
A suspeita do Ministério Público era que Leite tivesse tido participação relevante nos crimes investigados em torno da empresa e de seus dirigentes. O vereador era próximo do presidente afastado da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, que teve sua prisão preventiva decretada durante a Operação Fim da Linha, no dia 9 de abril deste ano. Na ocasião, o Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, apresentou denúncia por associação criminosa e lavagem de dinheiro do PCC contra Pandora e outros nove réus.
O desembargador Guilherme Eduardo Martins Kellner, da 2ª Vara, acatou a denúncia assinada por dez promotores do Gaeco e determinou a abertura de ação penal contra o grupo e a intervenção da Prefeitura na gestão da empresa. O magistrado manteve o bloqueio dos bens dos réus até o limite de R$ 596 milhões e a prisão preventiva de Pandora e de outros dois réus. Nesse processo, o vereador Milton Leite foi convocado como testemunha pelo Ministério Público.
Procurado pela reportagem, o vereador divulgou nota na qual dizia: “Não faço parte da lista dos denunciados, a origem do pedido de infração estaria em um antigo inquérito policial envolvendo a construção de uma garagem da Cooperpam, cujo trabalho foi realizado por uma empresa de minha propriedade.” Leite afirmou ainda que desconhecia “qualquer violação do meu sigilo fiscal e bancário” e afirmou que, “após o término daquela antiga investigação, o Ministério Público de São Paulo ordenou o arquivamento do inquérito, concluindo assim: ‘Nada de concreto foi encontrado. se nesse sentido'”.
Ele se refere a uma investigação concluída em 2008 pelo promotor Saad Mazloum, que investigou supostas más condutas do político devido ao seu relacionamento com a cooperativa turca Cooperpam, que antecedeu a Transwolff no setor. Em sua defesa, Leite afirma ainda que já havia aberto seus “dados fiscais e bancários ao Ministério Público de São Paulo”.
“Prova disso é a conclusão de um inquérito realizado em novembro de 2023 que apurou uma denúncia anônima de supostas irregularidades envolvendo meus bens. Após ampla verificação de minhas contas bancárias, o Ministério Público do Patrimônio Público concluiu que ‘a existência de provas veementes que pudessem confirmar a prática ilegal inicialmente atribuída ao vereador investigado e seus assessores, determinando, mais uma vez, o arquivamento da investigação.”
Leite defende que o Ministério Público já analisou “exaustivamente” os seus dados bancários, “não há nada de novo que se possa encontrar”. “Mesmo assim, coloco-os mais uma vez à disposição do Ministério Público.” O vereador concluiu relacionando o vazamento da medida cautelar concedida em 2023 ao ambiente da disputa eleitoral deste ano. “Por fim, chama a atenção para o interesse em tentar assassinar minha reputação em ano eleitoral, sem se basear em novos documentos e desconsiderando decisões judiciais já tomadas, o que ocorre justamente quando meu nome se destaca entre possíveis candidatos a vice-prefeito”.
A defesa dos réus da Operação Fim da Linha ou da empresa Transwolff não foi localizada. Tanto a Transwolff quanto a Coopepam tinham Pandora em seus conselhos de administração. Além das acusações de organização criminosa e lavagem de dinheiro, os réus da Operação Fim de Linha são acusados de apropriação indébita e extorsão praticada contra criadores de perus da antiga cooperativa, que ingressaram na empresa Transwolff como acionistas em 2015.
Naquele ano, a Prefeitura de São Paulo decidiu que não renovaria a concessão de linhas outorgadas às cooperativas de perus que atuavam no setor desde 2004. Pelas regras da Prefeitura, se a Transwolff quisesse permanecer no sistema teria que concorrer a concurso para concessão de lotes de transporte e deverá demonstrar possuir o capital social mínimo necessário para operar no setor.
Ainda segundo as investigações, a Transwolff só conseguiu participar da licitação devido ao aporte de R$ 54 milhões feito pela MJS Participações Ltda, na forma de integralização de capital, dinheiro proveniente do tráfico de drogas controlado pelo PCC.
Ao colocar o dinheiro na empresa, a facção criminosa, segundo os promotores, além de consolidar sua posição no setor, também lavou recursos do crime. A Transwolff arrematou os lotes 10 e 11 na licitação do chamado Grupo de Distribuição Local do sistema municipal de transporte, onde estão localizadas as empresas que atuam nos bairros da capital. E assim, tornou-se uma das três maiores empresas do setor em São Paulo, com 1.111 veículos operando na zona sul.
Além de processar os dez réus, o Gaeco conseguiu o congelamento dos bens dos réus para garantir a indenização pelos prejuízos causados pela organização – valor equivalente ao faturamento da Transwolff em 2021. O sequestro afetou o patrimônio de 28 empresas e 16 pessoas, além a 43 imóveis, uma aeronave, três barcos e duas lanchas, todos em nome dos investigados.
joias vip
site uol
uol pro
bola de futebol png
bolo de futebol png
oi google tudo bem