O Congresso Nacional manteve os vetos à Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito feita em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro. O tema foi analisado na tarde desta terça-feira (28), em sessão conjunta da Câmara e do Senado.
Em setembro de 2021, o ex-presidente vetou cinco dispositivos do projeto que revogou a antiga Lei de Segurança Nacional, criada em 1983, instituindo a nova Lei 14.197/2021incluindo artigos que previam punição para atos de “comunicação enganosa em massa”, a chamada notícias falsas, e para quem impediu “o exercício livre e pacífico de manifestação”. Bolsonaro também vetou o aumento das penas para crimes contra o Estado Democrático de Direito, incluindo o aumento das penas para militares que atacaram a democracia.
Com a manutenção dos vetos dos parlamentares, as punições para esses casos não poderão ser aplicadas.
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) defendeu a manutenção dos vetos e disse que eles foram colocados “justamente por serem extremamente perigosos para a democracia”. Bia Kicis argumentou que o trecho sobre notícias falsaspor exemplo, criou uma espécie de comitê da verdade.
“Indiretamente, determina o que podemos ou não postar nas redes sociais. E não vale apenas para parlamentares, deputados e senadores, que usam as redes para divulgar suas ideias, divulgar seus mandatos; aplica-se a qualquer pessoa que compartilhe informações consideradas falsas, que sejam consideradas desinformação. Mas o fato é: quem vai dizer se algo não é, ou não é, desinformação?”, questionou o deputado.
“Ninguém pode ser dono da verdade e ainda querer taxar e punir quem compartilhou notícias consideradas mentirosas pelos verificadores oficiais com pena de até cinco anos de prisão”, argumentou.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que não se trata apenas de notícias falsas e que os próprios parlamentares, na época, decidiram revogar a Lei de Segurança Nacional e tipificar os crimes contra o Estado Democrático de Direito. O parlamentar disse que os vetos presidenciais foram a seu favor e lembrou que Bolsonaro enfrenta uma investigação por tentativa de golpe de Estado e foi condenado por ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
“Bolsonaro vetou itens importantes, certo? notícias falsas. Primeiro, o aumento da pena para militares que participam de qualquer aventura golpista, o aumento da pena para servidores públicos que trabalham para um golpe de Estado”, disse Lindberhg. “[A lei] estabeleceu como crime a promoção ou financiamento de campanha ou iniciativa de divulgação de fatos sabidamente inverídicos e capazes de comprometer o processo eleitoral. Você sabe o que ele fez? Ele fez isso em 2022, ao atacar as urnas eletrônicas, o sistema eleitoral. Ele vetou porque sabia que havia uma tentativa de golpe de estado em andamento. É vergonhoso [manter] este veto”, disse Lindbergh.
Outros vetos
Na sessão de hoje, os parlamentares analisariam 17 vetos presidenciais, mas houve acordo para adiar a votação de sete deles, totais ou parciais. Os dispositivos vetados referem-se às leis sobre despacho gratuito de bagagens, ao Programa Minha Casa, Minha Vida, ao autocontrole agrícola, à flexibilização do controle de agrotóxicos, ao marco regulatório para a gestão de florestas públicas, às licitações e contratos administrativos e, também , referindo-se a diversos artigos da Lei Geral do Desporto.
O entendimento é que os vetos adiados serão apreciados na próxima sessão do Congresso Nacional, ainda sem data definida.
Foi mantido o veto à lei que trata do exercício cumulativo dos defensores públicos, impedindo o pagamento extra de diárias aos defensores públicos da União. Também foi mantido o veto à lei que compatibiliza o Código Penal Militar com outras normas, de modo que regras como a perda do cargo eletivo em caso de condenação por crimes militares.
O veto parcial à lei que facilita a regularização fundiária na Amazônia também foi rejeitado. O item vetado previa que “os relatórios indicando o grau de uso do solo e o grau de eficiência na exploração produzidos há mais de cinco anos deverão, a pedido do proprietário, ser atualizados de acordo com as condições atuais da propriedade”. Com a derrubada do veto, esta parte que prevê a atualização dos relatórios voltará a vigorar.
Em relação aos vetos à Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis, os parlamentares restabeleceram uma lista de benefícios remuneratórios das polícias civis estaduais. Com a derrubada do veto, os itens que tratam de licença remunerada para exercício de mandato de classe, auxílio-saúde e remuneração adicional no caso de cargo de confiança ou equivalente, carga horária mensal com duração máxima estabelecida na legislação do respectivo país passarão a vigorar. entrar em vigor. ente federativo, não superior a 40 horas semanais, garantidos direitos remuneratórios e compensatórios e horas extras.
A lei da Polícia Civil também previa que esses agentes fossem equiparados aos policiais civis do Distrito Federal, trecho que foi vetado pelo presidente Lula. Após acordo, o veto foi mantido com o compromisso do governo de apresentar um projeto de lei sobre o tema.
Com a rejeição do veto, as transferências de créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre empresas do mesmo titular deixam de ser obrigatórias. O Congresso Nacional reincluiu na Lei Complementar 204/2023, que altera a Lei Kandir, dispositivo que estabelece a possibilidade de o contribuinte promover, ou não, a transferência de créditos escriturais de ICMS na transferência de mercadorias entre seus estabelecimentos e permite empresas equiparem a operação àquelas que geram pagamentos de tributos, aproveitando o crédito às alíquotas estaduais para operações internas ou às alíquotas interestaduais para movimentações entre diferentes estados.
O veto evitou que empresas beneficiárias de incentivos fiscais de ICMS deixassem de aproveitá-los por não pagarem o imposto sobre a transmissão de mercadorias.
Orçamento
Também foram analisados os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às emendas parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano. A maior parte dos dispositivos vetados foi votada pelo Congresso no início de maio, quando os parlamentares resgataram R$ 4,25 bilhões em recursos de emendas de comissões permanentes do Senado e da Câmara, após acordo com o governo. Hoje, derrubaram o veto à destinação de mais R$ 85,6 milhões no Orçamento de 2024 para a inclusão digital de pessoas de baixa renda e comunidades rurais remotas, aprovado pelas comissões das duas Casas.
Também foram rejeitados os vetos de Lula à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, aqueles que proíbem possíveis gastos com invasão ou ocupação de propriedades rurais privadas; realizar abortos não permitidos por lei; cirurgias para mudança de sexo de crianças e adolescentes; ações que possam influenciar “crianças e adolescentes, da creche ao ensino médio, a terem opções sexuais diferentes do seu sexo biológico”; e ações que visam desconstruir, diminuir ou extinguir o conceito de família tradicional, formada por pai, mãe e filhos.
Nenhum desses temas estava previsto no projeto da LDO e foi rejeitado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). O próprio relator do texto, deputado Danilo Forte (União-CE), considerou a destacada emenda do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) um “jabuti”, um trecho estranho do texto, mas que acabou sendo aprovado. Lula fez o veto, mas hoje foi derrubado.
Todos os vetos rejeitados vão para promulgação.
*Com informações da Agência Senado
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