Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A cotação à vista fechou quarta-feira em alta firme em relação ao real, mais de 1%, voltando para acima de 5,20 reais, com preços refletindo o avanço da moeda norte-americana frente a outras moedas no exterior e fortes dados do mercado de trabalho brasileiro mercado, o que sustentou o aumento das taxas de juro futuras.
Na sessão que antecedeu o feriado de Corpus Christi no Brasil, alguns investidores também buscaram proteção para a moeda norte-americana, já que os mercados externos permanecerão abertos na quinta-feira.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,2103 reais na venda, alta de 1,10%. Este é o maior valor de fechamento desde 18 de abril, quando a moeda estava cotada a 5,2508 reais. Em maio, a moeda acumulou alta de 0,34%.
Às 17h10, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 0,97%, a 5,2100 reais na venda.
A moeda norte-americana iniciou a sua subida no início da sessão, acompanhando a tendência externa, onde o dólar subiu face a praticamente todas as outras moedas. As expectativas antes da divulgação de dados importantes sobre a inflação nos EUA, na próxima sexta-feira, sustentaram os preços.
Além disso, profissionais disseram à Reuters que, no Brasil, alguns agentes buscaram a moeda norte-americana como proteção, já que o mercado estará fechado na quinta-feira devido ao feriado.
Internamente, a divulgação de dados fortes do mercado de trabalho favoreceu a alta das taxas DI (Depósitos Interfinanceiros), que também acabou influenciando a taxa de câmbio.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (), divulgado pela manhã pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostrou que o Brasil abriu 240.033 vagas formais de emprego em abril, acima das expectativas dos economistas destacadas em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 216.948 empregos. A renda também cresceu, com o salário médio real (depois da inflação) de ingresso subindo 1,77% em abril em relação a março, para 2.126,16 reais.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a taxa caiu de 7,6% no trimestre encerrado em janeiro para 7,5% nos três meses encerrados em abril. É o menor desemprego neste período desde 2014, quando a taxa era de 7,2%. Os analistas esperavam que o desemprego fosse maior, em 7,7%.
Os números do mercado de trabalho, embora positivos, reforçaram as preocupações de que a renda mais alta poderia pressionar a inflação, o que reduziria ainda mais o espaço do Banco Central para reduzir a taxa, atualmente em 10,50% ao ano.
Uma Selic mais alta em teoria mantém o diferencial de juros mais favorável ao Brasil, o que ajuda a atrair capital e a reter o dólar. Porém, a visão de parte do mercado nesta quarta foi um pouco mais pessimista.
“Se o BC não entregar de fato os juros (necessários para combater a inflação), se for mais brando, a moeda precisará se desvalorizar. Então, (o mercado) vende o real, pressionando a moeda”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research.
O cenário interno mais sensível contribuiu para que o real fosse uma das moedas com maior desvalorização nesta quarta.
Às 17h32, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,45%, para 105,130.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos para rolagem dos vencimentos de agosto.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou saída de 1,958 bilhão de dólares em maio até o dia 24, resultado de saídas líquidas de 5,019 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 3,062 bilhões de dólares pelo canal comercial.
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