O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, criticou a atuação da Polícia Militar do estado de São Paulo na Baixada Santista, durante as operações Escudo e Verão. “Quem aposta neste modelo policial, em que a polícia mata indiscriminadamente, mas ele também morre, é tudo menos moderado. É um radical, um extremista, que não tem qualquer apego ao que as leis, a Constituição e os direitos humanos os padrões determinam”, disse ele em agenda hoje à tarde, na capital paulista, após ser questionado em entrevista coletiva.
“O que me parece, portanto, é que foi instituída uma espécie de licença no estado de São Paulo para que os policiais possam agir da maneira que quiserem, sem nenhum tipo de controle. nenhum controle não pode. É a polícia porque os controles da polícia são os controles da legalidade”, destacou.
Segundo ele, quem argumenta que a segurança pública é simplesmente uma licença para matar não entende a questão. O ministro acrescentou que se trata de um jogo que engana a população, enquanto os índices de violência aumentam. “Quem se sente mais seguro com a polícia fora de controle? Ninguém se sente seguro.”
Almeida afirmou que o ministério tem agido, apesar das limitações que o departamento enfrenta. “Temos acompanhado essas violações no local, por meio da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, instamos as autoridades de controle, tanto do Poder Judiciário como do Ministério Público, a agirem de acordo com a lei e a tomarem medidas nesse sentido. E propusemos também um diálogo com a polícia, para que possamos observar que o que estamos a fazer não nos leva a lado nenhum”, respondeu.
Como medida tomada pelo ministério, ele também mencionou a questão das câmeras de segurança. “É muito importante a regulação, ou seja, a ideia de que só haverá dinheiro do Fundo de Segurança Pública para obtenção de câmeras se houver, de fato, cumprimento das regulamentações que foram estabelecidas. o pacto federativo, que também nos impõe uma série de limitações”.
Ele avalia que outras autoridades de controle também precisam atuar em relação às violações de direitos estatais. “É urgente que o Ministério Público tome algum tipo de ação em relação a isso. É urgente um debate nacional sobre a relação entre direitos humanos e segurança pública.”
“Se olharmos para os padrões de direitos humanos, para as regulamentações e para o nível internacional, veremos que existe até regulamentação para o uso da força, da força letal, pela polícia em situações que são justificáveis. , não se trata de defender a paralisia diante do crime, não, pelo contrário, sabemos que milícias e facções criminosas ameaçam os direitos humanos das populações que vivem nas periferias, nas partes mais remotas do país. ., para que haja uma política eficaz de direitos humanos, que haja combate ao crime organizado”, disse Almeida.
Acrescentou que retirar formas de controlo à polícia é fazer o jogo do crime organizado, além de colocar a própria polícia em risco. “Uma força policial descontrolada é tudo o que as milícias e facções desejam em termos de recrutamento de uma força de trabalho que saiba matar. É importante dizer que esse descontrole faz com que não só os policiais matem, mas morram. do controle policial também jogam contra a vida dos policiais, que são trabalhadores. Todos esses policiais também sofrem com a saúde mental”.
A Baixada Santista foi alvo das Operações Escudo, no ano passado, e Verão, no início deste ano, realizadas pela PM. Com a justificativa de combater o crime organizado, o governo do estado lançou essas grandes operações após a morte de policiais militares na região.
A Operação Escudo, deflagrada após a morte do policial militar Patrick Bastos Reis, baleado e morto no Guarujá, em 27 de julho de 2023, matou 28 pessoas em um período de 40 dias, na Baixada Santista. Uma segunda Operação Escudo foi decretada em São Vicente no dia 8 de setembro, resultando em mais oito mortes, segundo o Instituto Sou da Paz.
Neste ano, quando as ações passaram a ser chamadas de Operação Verão, 56 pessoas foram mortas por policiais militares na região, segundo nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP). As mortes ocorreram em supostos confrontos com a polícia desde o dia 2 de fevereiro, quando o policial militar Samuel Wesley Cosmo foi morto em Santos, durante uma patrulha. Na época, a SSP informou que as polícias civil e militar se mobilizaram para localizar e prender os envolvidos no crime contra Cosmo.
Resultados
Levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz, com base na análise de dados da SSP, mostrou que as operações realizadas pela Polícia Militar na Baixada Santista no ano passado não resultaram em avanços na redução da criminalidade violenta, colocando em risco a vida de policiais em risco, além de violar os direitos das populações periféricas da região.
Com base em indicadores criminais da região nos meses de agosto e setembro de 2023, os dados demonstraram que as operações foram marcadas pela baixa eficiência, alta letalidade policial, crescimento de crimes ligados ao crime organizado, como roubo de cargas, e incapacidade de policiamento em ruas para prevenir crimes como furtos, roubos e agressões.
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