As cenas de destruição no Rio Grande do Sul, atingido por fortes chuvas desde o final de abril, reacenderam o debate no Brasil sobre ações e medidas preventivas para evitar a destruição causada pela força das águas.
Segundo dados do Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), mais de 1,9 milhão de brasileiros ficaram expostos a áreas sob risco de inundação segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O núcleo, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, aponta ainda que desde 2016 o Brasil enfrentou mais de 7,6 mil eventos hidrológicos, sendo 78 considerados grandes. Do total, 1.346 aconteceram em 2023.
No período, o valor total dos danos materiais a domicílios, equipamentos públicos e obras de infraestrutura vinculados a eventos de origem hidrológica, como enchentes, atingiu o valor de R$ 11.356.286.458,31.
Com os dados, o relatório procurou governos de estados que sofreram com enchentes nos últimos anos para entender o que tem sido feito, desde então, na tentativa de minimizar os impactos de eventos extremos como o que atingiu recentemente o Rio Grande do Sul.
Mathias Velho em Canoas 9
Região Metropolitana de Porto Alegre
LAURO ALVES/SECOM
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoa
Corpo de Bombeiros navega em barco no bairro Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
2 Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho, em Canoas
Corpo de Bombeiros abre muro de acesso a calçada submersa pela água no bairro Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas
Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Mathias Velho em Canoas 7
Pessoas buscam abrigo em cima de pontes na Região Metropolitana de Porto Alegre
LAURO ALVES/SECOM
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas
Posto de gasolina fica submerso no bairro Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
parque subaquático
Parque de diversões no bairro Mathias Velho, em Canoas
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Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas22
Corpo de Bombeiros navega em barco no bairro Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
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Operação de resgate com helicóptero do Corpo de Bombeiros na Região Metropolitana de Porto Alegre
LAURO ALVES/SECOM
Mathias Velho em Canoas
Muito lixo é levado pela chuva no bairro Mathias Velho, em Canoas
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Mathias Velho, em Canoas
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Mathias Velho em Canoas 68
Casas submersas na Região Metropolitana de Porto Alegre
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Operação de resgate com helicóptero do Corpo de Bombeiros na Região Metropolitana de Porto Alegre
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Ônibus e carros ainda ficam submersos na Região Metropolitana de Porto Alegre
LAURO ALVES/SECOM
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São Paulo
Com um longo histórico de enchentes, o estado de São Paulo viu a força das águas invadir o litoral norte e partes da capital no ano passado. No total, 65 pessoas morreram em consequência das inundações e mais de 4.000 ficaram desalojadas.
O município mais atingido na época foi São Sebastião, que registrou grandes danos na Vila Sahy, onde cerca de 3.200 pessoas viviam em casas em situação precária.
Para o MetrópolesMara Ramos, superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), afirma que um dos principais focos do governo paulista é tornar as cidades do estado mais resistentes aos eventos do tipo.
“Trabalhamos em parceria com os municípios por meio de ações para tornar as cidades mais resilientes às enchentes”, explica.
Segundo o superintendente, o estado investiu R$ 650 milhões por meio da secretaria em ações que envolvem limpeza de sedimentos fluviais, aumento da vazão de água e capacidade de armazenamento; sistemas de bombeamento para drenagem de enchentes; além da construção de barragens.
O governo paulista também criou, em 2022, o programa Rios Vivos, que atua em parceria com prefeituras para manter e revitalizar margens e cursos d’água do estado.
Minas Gerais
Entre o final de 2021 e o início de 2022, Minas Gerais enfrentou graves enchentes que deslocaram mais de 60 mil pessoas em 450 municípios afetados. Cerca de 30 pessoas morreram no período.
No início deste ano, 24 municípios entraram em situação de emergência por conta das chuvas no estado.
Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), o governo de Minas Gerais tem investido em obras de contenção, principalmente na região metropolitana de Belo Horizonte.
No total, já foram gastos R$ 319,2 milhões pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) na construção de cinco bacias de contenção.
Além disso, o governo do estado criou uma campanha envolvendo a população civil e sistemas de alerta por meio de mensagens SMS.
“As mensagens SMS informam sobre tempestades, perigos geológicos, raios e outras situações de risco. Para se cadastrar, basta enviar uma mensagem com o CEP do local desejado para o número 40199. Atualmente, Minas Gerais está entre os três estados com maior percentual de cadastrados”, informou o Cedec em nota enviada à reportagem.
Rio de Janeiro
Em fevereiro de 2022, o estado do Rio de Janeiro registrou um dos maiores desastres ambientais de sua história em Petrópolis, quando enchentes deixaram diversas ruas da cidade alagadas além de mais de 770 deslizamentos de terra.
Na altura, 241 pessoas morreram em consequência das cheias que provocaram deslizamentos de terra na cidade situada na Região Serrana, que registou 260 mm de chuva num período de seis horas.
Após o rastro de destruição, o governo do estado passou a investir em reforço e prevenção contra o impacto das fortes chuvas no estado.
Para o Metrópoles, O governo do Rio de Janeiro afirmou que uma das principais ações em Petrópolis é a revitalização do túnel de transbordamento do Rio Palatinato, responsável por desviar a água do centro da cidade para o Rio Piabanha.
“Esta é a primeira intervenção realizada na galeria subterrânea do túnel desde a sua criação, há mais de 60 anos”, refere a assessoria de imprensa do governo em comunicado.
No total, a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas afirma ter investido mais de R$ 521 milhões na região, em 16 obras.
Além disso, a manutenção dos rios é outra preocupação, com mais de R$ 44 milhões investidos na limpeza de rios e canais em Petrópolis. Segundo dados enviados ao relatório, mais de 248.578 metros cúbicos de sedimentos já foram retirados dos rios e canais da cidade desde 2022.
Outras medidas
Apesar das respostas que os governos estaduais têm buscado para reduzir o impacto das enchentes, especialistas consultados pelo Metrópoles afirmam que a ocorrência de inundações e as práticas de prevenção estão condicionadas por vários factores.
“Podemos dizer que há uma série de fatores que podem contribuir para a ocorrência de grandes enchentes”, explica Thais Magalhães Possa, engenheira ambiental e sanitária e doutoranda em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS .
“No entanto, uma forçante que afeta todo o planeta e que controla aspectos relacionados ao clima e às chuvas é a temperatura dos oceanos. E o que estamos a ver em 2023 e 2024 são sucessivos recordes de temperaturas oceânicas. Esses aumentos levam a diversas ocorrências de extremos climáticos como os que estamos vendo”, afirma.
Segundo o engenheiro ambiental, além de enxergar os problemas ligados à ação humana sobre o clima, outras medidas podem ser tomadas para lidar com possíveis eventos desse tipo.
“Podemos pensar em zonear zonas de inundação para evitar a sua ocupação, estruturas resilientes a elas ou, em última instância, sistemas de contenção de inundações para reduzir os danos causados por tais eventos, como diques e muros”, afirma. . “Além disso, os governos devem garantir que são adoptadas medidas adequadas e investir fortemente em sistemas de monitorização e alerta”, afirma ela.
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