Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Após forte queda na sessão anterior, as taxas do DI fecharam a segunda-feira com leve alta, na contramão da queda constante dos rendimentos do Tesouro no exterior, com a curva a termo refletindo o desconforto dos investidores com o cenário brasileiro, após uma aumento adicional nas projeções de inflação no relatório Focus.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,395%, ante 10,392% do reajuste anterior.
A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 10,81%, ante 10,791% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,16%, ante 11,144%. A taxa para janeiro de 2028 foi de 11,455%, ante 11,445%, e o contrato para janeiro de 2031 foi de 11,82%, ante 11,827%.
Na sexta-feira passada, numa sessão apertada entre o feriado de Corpus Christi e o fim de semana, as taxas futuras caíram perto de 10 pontos base nos vértices mais longos, sob influência do exterior.
Nesta segunda-feira, porém, iniciaram uma escalada no início do dia, em meio ao desconforto causado pelos dados do relatório Focus, que indicam que a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2024 passou de 3,86% para 3,88%. No caso de 2025, passou de 3,75% para 3,77% e, para 2026, de 3,58% para 3,60%.
Esta foi a quinta semana consecutiva em que a projeção para a inflação em 2025 aumentou, afastando-se do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 3%.
No Focus, as projeções medianas para a taxa básica Selic ao final de 2024 também aumentaram, passando de 10,00% para 10,25%. Hoje a taxa é de 10,50% ao ano.
Na prática, os economistas que fornecem o Focus ainda projetam um corte de 25 pontos base na Selic este ano – algo que a curva futura não precifica há duas semanas.
“O foco é convergir para o que o mercado já precifica”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Neste cenário, a taxa de vencimento de janeiro de 2027 – uma das mais líquidas – atingiu às 10h59 o pico de 11,250%, uma alta de 11 pontos base em relação ao ajuste de sexta-feira, apesar do rendimento do Tesouro de dez anos estar em um mínimo ao mesmo tempo, após a divulgação de dados fracos sobre a actividade industrial nos Estados Unidos.
“Basicamente, hoje é só o Focus que faz o preço. Não vejo nenhum dado interno que dê outra visão”, disse Leandro Ormond, analista da Aware Investimentos. “O cenário é muito incerto, principalmente em relação ao nosso fiscal. O mercado tem a percepção de que o governo terá dificuldade em cumprir sua agenda”, acrescentou.
Durante a tarde, as taxas futuras reduziram a sua força, com a queda dos rendimentos a pesar fortemente. Mesmo assim, o viés da taxa da maioria dos DIs foi de alta no fechamento. Entre os vértices mais longos, o declínio firme dos rendimentos trouxe as taxas de volta para perto da estabilidade.
Perto do fechamento desta segunda-feira, a precificação da curva a termo indicava 84% de chance de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano em junho, contra 16% de probabilidade de corte de 25 pontos-base. Na sexta-feira, esses percentuais eram de 81% e 19%, respectivamente.
No exterior, os rendimentos continuaram a cair, com os investidores refletindo os dados do dia e aguardando novos indicadores para o resto da semana, especialmente o relatório de empregos na folha de pagamento, na sexta-feira.
Às 16h38, o rendimento do Tesouro de dez anos – referência global para decisões de investimento – caía 11 pontos base, para 4,404%.
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