Nos seus dez anos de existência, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) desempenhou papel fundamental na consolidação da democracia no país. A avaliação é de ex-presidentes do colegiado que participaram, nesta terça-feira (4), da solenidade de celebração da criação do conselho, em Brasília.
Com a finalidade de promover e defender os direitos humanos no país, o conselho atua por meio de ações preventivas, protetivas e reparadoras para condutas e situações de ameaça ou violação desses direitos, previstas na Constituição Federal de 1988 e em tratados e atos internacionais ratificados pelo país.
Como presidente entre 2018 e 2020, Leonardo Pinho disse que a CNDH cumpriu o seu papel de instituição nacional autónoma de direitos humanos num período de ataque às instituições.
“Essa história [do conselho] dez anos é uma afirmação de que não é possível ter democracia, políticas públicas emancipatórias, sem participação e controle social. Sem a garantia fundamental da participação da população não há democracia. Não há promessas da Constituição Federal de 1988”, afirmou.
O também ex-presidente Darci Frigo (2022), lembrou que a CNDH passou por diversas tentativas de esvaziar a participação da sociedade no último governo e que se não tivesse havido articulação da sociedade civil, o conselho teria sofrido um golpe. Ainda segundo Pinho, é necessário fortalecer a instituição para enfrentar os desafios relacionados às ações da extrema direita no Brasil.
“O campo progressista que defende os direitos humanos no país precisa perceber que, neste momento, fortalecer uma instituição como a CNDH como autônoma é fundamental, porque não estamos brincando com os direitos humanos neste país, porque a extrema direita está lá e ela está tentando corroer todo o edifício da democracia. Precisamos nos preparar.”
Frigo acredita que é necessário fortalecer a equipe do conselho e dotá-la de um orçamento compatível com suas atividades: “a participação do poder público e da sociedade civil no conselho é importante, mas a participação da equipe do conselho nacional é muito importante. Esta equipa permite que as ações e deliberações do conselho nacional sejam implementadas no dia-a-dia. É importante fortalecer esta parte institucional do conselho, com uma estrutura e orçamentos condizentes com o seu papel.”
O defensor público federal Renan Sotto Mayor, que presidiu o CNDH em 2020, citou os desafios enfrentados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e lembrou a importância da sociedade civil.
“Foi com honra e dificuldade que enfrentamos a gestão do último governo federal. Houve até uma tentativa de fazer com que alguém da extrema direita assumisse a presidência do CNDH, mas a sociedade civil foi fundamental para evitar esse tipo de situação”, apontou.
O prefeito disse que a CNDH tem papel fundamental na proteção dos povos indígenas que vivem isolados e têm contato recente e lembrou que o indígena Bruno Pereira, cujo assassinato completa dois anos amanhã, foi quem abordou o colegiado e sugeriu a emissão de uma resolução, em dezembro de 2020, para proteger essas pessoas que sofriam com o desmonte de órgãos como a Função Nacional dos Povos Originários (Funai), a proteção ambiental e a atuação dos garimpeiros ilegais.
“Muitos não sabem, mas a ideia dessa resolução foi do Bruno Pereira, que nos procurou e sabíamos que estávamos em um governo de exceção, de violações de direitos humanos e quando pensamos em povos indígenas isolados, não tem leis. Temos algumas regulamentações, mas não existe lei”, disse o defensor que lembrou que a resolução foi usada pelo Supremo Tribunal Federal para ordenar ao governo ações para proteger essas pessoas.
A atual presidente do CNDH, Marina Dermmam, citou o espírito combativo do conselho na defesa e promoção dos direitos humanos e na atuação em casos de violação desses direitos.
“A CNDH esteve ao lado do povo brasileiro nos locais onde ocorreram violações de direitos humanos, acolhendo as vítimas e realizando os enfrentamentos necessários. Ele esteve ao lado de povos e comunidades tradicionais quando seus territórios foram ameaçados por grileiros, mineradores, proprietários de terras ou governantes atuais. Ele esteve ao lado de comunidades urbanas cujos direitos foram violados por grandes projetos ou pela especulação imobiliária. Está ao lado da população em situação de rua, diariamente invisibilizada em diversas cidades do país. A CNDH também sempre esteve ao lado das mulheres, no combate às diversas formas de violência, como a violência política de género, o que nos tem preocupado muito. A CNDH está também empenhada na luta pela justiça climática, que deve ser verdadeiramente sustentável e que deve respeitar os territórios e os seus modos de vida tradicionais. São essas e outras lutas e esse compromisso histórico da CNDH que celebramos hoje”, falou.
Participação
O Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, também reforçou o papel fundamental da CNDH na valorização dos direitos humanos.
“A CNDH desempenha um papel absolutamente fundamental na consolidação dos direitos humanos reconhecidos no Brasil, mas um papel ainda mais importante na valorização dos direitos humanos em geral. Não se engane, vivemos num país onde os direitos humanos não são respeitados.”
Segundo o ministro, o colegiado expressa a necessidade da participação social na definição das políticas públicas e do projeto do país.
“Teremos que ajudar a construir políticas públicas e, mais que isso, projetos de Estado, um planejamento para o Brasil, o que o país será nos próximos anos e a política de direitos humanos terá que estar vinculada a esses interesses”, falou.
Durante a solenidade, o Defensor Público Federal, Leonardo Magalhães, destacou o caráter participativo social do CNDH, composto igualmente por representantes do governo federal e da sociedade civil.
“Este é um importante espaço dialógico, de convergência entre o poder público e os movimentos sociais para que também possam cobrar do governo federal a efetiva implementação de medidas de direitos humanos”, afirmou. “Tenho a certeza que se não fosse a CNDH, em conjunto com outras instituições, estaríamos numa situação de retrocesso social sem precedentes em termos de direitos humanos”, acrescentou.
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