O filme Furiosa: A Mad Max Saga estreou nos cinemas brasileiros no dia 23 de maio e tem mantido números mornos, bem diferentes das expectativas. A trama dirigida por George Miller foi considerada uma das maiores estreias do ano por mesclar um elenco estelar, uma produção de alto nível e ser a continuação de uma história bastante conhecida.
Porém, há duas semanas nos cinemas nacionais, o filme atraiu pouco mais de 700 mil pessoas e arrecadou cerca de R$ 15,2 milhões. Os números podem parecer grandes, mas quando comparados com outras produções em cartaz, revelam outra realidade.
Planeta dos Macacos: O Reinado completou um mês em exibição. Mesmo assim, conseguiu levar mais gente ao cinema no último fim de semana (de 30 de maio a 2 de junho) do que Furiosa. No total, a produção arrecadou quase R$ 48 milhões desde sua estreia — mais de três vezes o valor de sua concorrente.
Os dilemas da Furiosa
Embora muito se esperasse do novo filme da saga Mad Max, o crítico especializado Marcio Sallem destaca que a série não rende tanto dinheiro. Mas algumas adaptações podem ter interferido diretamente na visão do público sobre a produção.
“Furiosa é uma prequela — uma história que se passa antes da obra original — e não uma continuação, e mudou a intérprete da personagem para uma atriz mais jovem enquanto retirava Max da série de uma vez por todas. Acho que essas são razões razoáveis para o baixo desempenho”, avalia.
Na comparação com Planeta dos Macacos, Sallem destaca que o filme dirigido por Wes Ball só pode ser visto como um sucesso moderado: “Dentro da fórmula de cálculo, a arrecadação não ultrapassou 3 vezes o orçamento [gasto para produzir o filme]. Ainda assim, é um sucesso que pode ser explicado pela continuação de uma trilogia notável.”
Ele destaca ainda que além do marketing que leva as pessoas aos cinemas nas primeiras semanas, o produto deve ter qualidade suficiente para gerar boca a boca. Isso porque a opinião das pessoas incentiva outras a virem e até devolverem quem já assistiu ao filme.
Mas o que leva as pessoas aos cinemas?
Quando os baixos números de bilheteria de Furiosa: A Mad Max Saga começaram a virar notícia, muita gente usou as redes sociais para comentar o motivo da queda. Márcio Sallem destaca que alguns pontos interferem na motivação das pessoas para ir ao cinema, principalmente o orçamento mensal.
“As promoções de cinema que baixam o preço para R$ 10, R$ 12, mostram que o preço é um fator essencial na decisão de ir ou não ao cinema. Além disso, a estreita janela de visualização em que um filme que sai do cinema pode chegar em três ou quatro semanas nos serviços de streaming acaba fazendo o público esperar pela sua disponibilização, em vez de assisti-lo dentro de uma experiência coletiva que, ainda mais hoje, tem nem foi respeitoso e agradável”, destaca.
O cineasta Kleber Mendonça Filho também pensa da mesma forma. No X, antigo Twitter, ele reagiu à notícia de que Furiosa estará disponível para locação digital ainda este mês.
“O mercado é tão estúpido quanto uma porta. Se ele acha que vai passar fome, ele come a própria mão e depois o braço. A exibição cinematográfica não morre por acaso, está sendo sufocada. A vitrine dos cinemas precisa ser protegida”, escreveu o diretor de Bacurau e Aquarius.
Destacou ainda que “o dinheiro das outras plataformas viria em junho ou setembro, da mesma forma” e afirmou que quem dirige produções como esta “não entende de cinema”.
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