Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda à vista recuperou parte de seus recentes ganhos em relação ao real nas negociações desta quarta-feira, em meio a amenizar as preocupações dos investidores com a inflação nos Estados Unidos e na zona do euro, depois que a moeda norte-americana registrou seu maior preço de fechamento em mais de um ano no Brasil no dia anterior.
Às 9h57, o dólar à vista caía 0,23%, a 5,2729 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,32%, a 5,286 reais na venda.
“Os mercados externos são mais positivos para os mercados emergentes em geral”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
“Os dados do mercado de trabalho dos EUA mostraram a criação de empregos abaixo das expectativas. Isto ajuda a reduzir as preocupações com a inflação e favorece um enfraquecimento do dólar”, acrescentou.
Esta manhã, os dados mostraram que a criação de emprego no sector privado dos EUA foi inferior ao esperado em Maio e os dados do mês anterior foram revistos em baixa.
152 mil empregos foram criados no mês passado, depois de 188 mil em abril, segundo o relatório da ADP. Economistas consultados pela Reuters previram a criação de 175 mil empregos no mês passado.
A persistência de um mercado de trabalho muito aquecido nos EUA deixou as autoridades da Reserva Federal com uma postura cautelosa relativamente ao regresso da inflação ao seu objetivo de 2%, adiando o possível início de um ciclo de cortes nas taxas de juro.
Com a recente moderação no mercado de trabalho, os investidores veem agora uma probabilidade de 65% de um corte nas taxas de juro por parte da Fed em Setembro, em comparação com 46% na semana anterior, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Quanto mais o banco central dos EUA corta as taxas de juro, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos do Tesouro caem.
Na zona euro, os dados de preços ao produtor mostraram uma deflação maior do que a esperada pelos economistas, em 1,0%, o que reforçou as expectativas de um corte nas taxas de juro pelo Banco Central Europeu na quinta-feira.
Os mercados, no entanto, ainda acumulam incertezas sobre a trajetória futura das taxas de juro na zona euro.
No cenário doméstico, os investidores seguem atentos ao aumento das expectativas de inflação do mercado, evidenciadas pela pesquisa Focus do Banco Central, bem como ao cenário fiscal no Brasil, tema de contínua preocupação dos economistas.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia a 5,2851 reais na venda, alta de 0,96%, atingindo o maior valor de fechamento desde 23 de março de 2023, após a queda das commodities na pauta exportadora brasileira, o avanço da moeda norte-americana frente outras moedas emergentes e o desconforto do mercado com o cenário fiscal brasileiro.
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