Levar a saga de Riobaldo e Diadorim para as telonas era um desejo antigo de Guel Arraes, que dirigiu e escreveu o roteiro de Grande Sertão com Jorge Furtado. O trabalho de João Guimarães Rosa é o preferido do cineasta, que afirma ter tido coragem de tirar os planos do papel ao ver o genro, Caio Blat, atuando em uma peça inspirada no romance. O elenco do filme conta ainda com a filha do cineasta, a atriz Luísa Arraes.
“A peça da Bia Lessa é uma obra-prima e o Caio é um grande ator. Houve duas coisas que me inspiraram. Me deu vontade de fazer no cinema”, conta Guel Metrópoles. O resultado da adaptação distópica, onde o sertão é transportado para um complexo de favelas, poderá ser visto pelo público a partir desta quinta-feira (6/6) nos principais teatros do país.
Segundo o diretor, o roteiro de Grande Sertão surgiu da vontade dele e de Furtado de trazer um novo ponto de vista para os conflitos dos antigos jagunços, com foco na guerra entre a polícia e o crime.
“Politicamente, sociologicamente, não há solução atual. Os políticos não sabem como resolver esta questão, nem os de direita nem os de esquerda. Esta questão está adiada para hoje (…). Então os artistas ficam um pouco perdidos porque querem encontrar uma solução onde não existe. Mas então a solução de Guimarães é artística, como fazer sentir estes dois universos com a mesma simpatia e antipatia”, reflete.
No filme, Guel Arraes dirige não só Caio Blat como também sua filha, Luísa Arraes. Ela interpreta o enigmático e corajoso Diadorim, personagem que o cineasta afirma ter sido o mais difícil de adaptar. “Diadorim é quase uma página em branco. Quando você lê o livro você acha que Diadorim é um personagem incrível mas na verdade é o amor do Riobaldo por ele que é incrível, você não sabe realmente quem é Diadorim.”
Grande Sertão 4
Grande Sertão
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Grande Sertão – capa
Luísa Arraes e Caio Blat em cena do Grande Sertão
Grande Sertão 3
Edu Sterblitch como Hermógenes
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Grande Sertão 2
A guerra no Grande Sertão
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Grande Sertão 1
Luís Miranda como Zé Bebelo
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O diretor faz questão de esclarecer que Luísa não é caso de nepo bebê. “Quando comecei tinha muita vergonha de trabalhar com a família, porque parece nepotismo. Tive uma herança do meu pai na política, de que os filhos dele não faziam política… Sempre fui acostumado com esse negócio”, diz Guel.
“Mas aí me casei com alguém da indústria, tive uma filha artista, então relaxei com isso. E pelo contrário, acho que é como uma trupe de circo, que anda junto, de certa forma é mais intenso, mas é muito bonito (…) Fazer este filme com a Luísa foi o encontro mais emocionante que tive”.
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