Mesmo com uma leitura do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acima das expectativas para o primeiro trimestre – alta de 0,8% na margem, ante mediana de 0,7% do período – e apesar de nova queda na receita dos Treasuries e da alta Nos índices de ações de Nova York, o Ibovespa não evitou a quinta perda consecutiva, nesta terça-feira, 4, ao cair 0,19%, aos 121.802,06 pontos, em um dia de pressão no câmbio e avanço na curva de juros doméstica.
Assim, com os ativos do país ainda na defensiva, o índice B3 (BVMF:) caiu para o mínimo do dia nos 120.878,36, mantendo-se nos níveis mais baixos desde meados de novembro, saindo do máximo nos 122.031,66, correspondente à abertura. O giro financeiro foi de R$ 20,6 bilhões nesta terça-feira. No acumulado dos dois primeiros pregões, o Ibovespa acumula perda de 0,24% na semana e no mês, colocando o resultado do ano em 9,23%.
As ações de serviços públicos – normalmente vistas como defensivas – conseguiram afastar o fraco apetite pelo risco e subiram esta terça-feira. Eletrobras ON (BVMF:) e PNB marcaram, respectivamente, alta de 0,87% e 0,86% no fechamento.
Com a continuidade da correção na China – queda de 2,11% nesta terça em Dalian, a US$ 115,14 por tonelada, ainda nos menores patamares de preços desde meados de abril – o setor metalúrgico ficou entre os perdedores da sessão, com destaque, em além de Vale (BVMF:) (ON -1,02%), para CSN (BVMF:) (ON -1,50%) e Gerdau (BVMF:) (PN -1,14%). “O segmento de materiais básicos, com o IMAT caindo quase 1% (-0,95%) no fechamento, foi muito mal, nem o setor de celulose conseguiu decolar”, diz Bernard Faust, sócio da One Investimentos.
Depois da perda de mais de 3% do WTI na sessão anterior, a correção dos preços continuou esta terça-feira, ainda que de forma mais discreta, caindo cerca de 1% no fecho para ambas as referências. Petrobras ON (BVMF:) e PN apresentaram, respectivamente, queda de 0,57% e 1,11% ao final do dia.
Os grandes bancos, por sua vez, deram a volta por cima à tarde e tiveram desempenho majoritariamente positivo no fechamento, com exceção do Santander (BVMF:) (Unidade -2,37%) – em uma mudança de rumo que contribuiu para moderar as perdas do Ibovespa , no encerramento. Destaque para Bradesco (BVMF:) PN, com alta de 0,94% nesta terça.
No topo do índice estão SLC Agrícola (BVMF:) (+3,04%), TIM (BVMF:) (+2,59%) e Embraer (BVMF:) (também +2,59%). No lado oposto, Magazine Luiza (BVMF:) (-8,12%), Pão de Açúcar (BVMF:) (-4,22%) e Vamos (-3,58%).
“O principal gatilho para a queda da moeda foi a queda do preço das commodities, que pesa também sobre o real em paralelo com outras moedas emergentes ligadas às matérias-primas, que assim acumulam perdas em relação à moeda”, diz Jaqueline Kist , sócio da Matriz Capital.
Sem forças para recuperação da Bolsa em meio à persistência de dúvidas sobre o nível de interesse nos EUA e no Brasil ao final de 2024, os dados do PIB do primeiro trimestre, embora superiores ao esperado, foram recebidos no retrovisor , considerando também que os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, serão sentidos posteriormente.
“A tragédia no Rio Grande do Sul poderá ter um impacto negativo de 0,2 a 0,3 ponto percentual no PIB, mas isso vai depender do tamanho das perdas. No médio e longo prazo, a reconstrução da região pode ter um impacto positivo no crescimento do país”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, que projeta expansão de 2,1% para a economia brasileira em 2024.
Também na agenda de indicadores desta manhã, o mercado tomou nota da leitura mais fraca do que o previsto para o relatório JOLTS nos Estados Unidos, relativo à rotatividade de mão de obra no país, uma métrica que normalmente é monitorada de perto pelo Federal Reserve. Na sexta-feira será a vez do ainda mais aguardado relatório oficial sobre a criação de vagas de emprego em maio, a folha de pagamento, com dados como o ganho médio salarial e a taxa de desemprego.
Com o JOLTS um pouco mais fraco, houve movimento de fechamento dos juros na curva americana nesta terça, observa a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Um ajuste que, no entanto, não se refletiu nem na taxa de câmbio nem na curva de juros interna, ambas subindo esta terça-feira. No fechamento, o dólar à vista apresentou alta de 0,98%, a R$ 5,2854, tendo atingido R$ 5,2961 na máxima do dia. “Os investidores devem seguir cautelosos ao longo da semana, considerando os dados, também do mercado de trabalho, que serão divulgados na quarta e sexta nos Estados Unidos”, afirma Camila.
“Mais uma sessão de baixa liquidez na B3, chegando a R$ 5,30. Na perspectiva dos investidores estrangeiros, que olham para o nosso câmbio em dólar, o nível que ela está hoje está extremamente depreciado. dias tivemos o menor percentual de ativos negociados acima da média de 200 períodos dos últimos dois anos. Cerca de 25% a 26% dos ativos da Bolsa permanecem acima dessa média, um nível muito baixo”, enfatiza Faust, da One Investimentos.
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