O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu nesta sexta-feira (7), por 10 votos a 5, abrir processos administrativos disciplinares (PADs) contra quatro magistrados que atuaram na Operação Lava Jato, na primeira e segunda instâncias da Justiça.
Os alvos dos processos são os desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), e os desembargadores Danilo Pereira Júnior e Gabriela Hardt, que em diferentes períodos atuaram na 13ª Vara Federal de Curitiba, onde acontecia a Lava Jato.
A maioria do CNJ também votou pela manutenção do afastamento dos juízes, que havia sido determinado pela Justiça Nacional. A defesa dos desembargadores alega que não há “motivos mínimos” para afastamento.
Os dez vereadores que votaram desta forma aprovaram relatório do corregedor nacional de justiça, ministro Luis Felipe Salomão, que defendeu a abertura dos PADs e as remoções. Três assessores acompanharam a divergência aberta pelo presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, que votou pelo arquivamento do caso.
O julgamento ocorreu no plenário virtual, em que os votos são apurados sem deliberação presencial. O caso foi discutido em sessão ordinária do CNJ, quando Salomão e Barroso manifestaram divergências. Após uma discussão inicial, os casos acabaram sendo encaminhados para julgamento remoto.
Com a abertura do PAD, há uma nova instrução processual, dando também uma nova oportunidade para manifestação de defesas.
Entender
Os processos contra os juízes têm origem em correção extraordinária realizada por Salomão nas unidades judiciárias que julgaram os casos da Lava Jato.
Em seu relatório, o fiscal concluiu que havia indícios de diversas irregularidades na condução da operação. Ele citou, por exemplo, “comportamento deliberado” no descumprimento de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a invalidação de provas vinculadas à empresa Odebrecht.
Thompson Flores e Loraci Flores também foram acusados de descumprir decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu o processo contra o ex-juiz da Lava Jato Eduardo Appio. Eles integraram a 8ª turma do TRF, colegiado que deliberou sobre o caso e afastou Appio do cargo. O juiz federal Danilo Pereira também participou do julgamento.
Gabriela Hardt também é acusada de autorizar o repasse de cerca de R$ 2 bilhões de acordos de delação premiada firmados com investigados para um fundo que seria administrado pela força-tarefa da Lava Jato. A decisão ocorreu em 2019, quando o juiz atuava na 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável por julgar os casos da Lava Jato. Atualmente, Gabriela atua na 23ª Vara Federal de Curitiba.
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