SÃO PAULO (Reuters) – Os emplacamentos de veículos importados devem disparar neste mês devido ao aumento dos impostos de importação que ocorrerá em julho, previu a associação das montadoras, Anfavea, nesta sexta-feira.
“No mês de junho os bondes deverão estar muito fortes, porque em julho a tarifa será elevada para 18% e, portanto, o mês de junho será marcado por um aumento significativo”, afirmou o presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, em entrevista a jornalistas.
Além do efeito de antecipação do aumento de impostos, junho deverá ser marcado por importações que não tiveram tempo de ser registadas em maio, disse o executivo.
Os licenciamentos de veículos importados em maio caíram cerca de 9% face aos registos de abril, mas ainda assim subiram quase 20% face ao volume do ano anterior, em 32.900 unidades, informou anteriormente a entidade.
Os veículos elétricos, atualmente vendidos sob importação no Brasil, tiveram queda no licenciamento de cerca de 23% em relação a abril, para 5.170 unidades, a primeira na comparação mensal desde janeiro.
O imposto de importação de carros elétricos passará de 10% – alíquota estabelecida em janeiro deste ano – para 18% em julho. No caso dos híbridos, a tributação aumentará de 12% para 15% para 20% para 25% no mesmo período.
“Tivemos anúncios de navios com 5 mil unidades (de veículos) chegando em uma única embarcação… Não notamos queda (nas vendas) de veículos elétricos, pelo contrário”, disse Leite. Em maio do ano passado, o Brasil vendeu apenas 610 novos veículos elétricos.
A expectativa de crescimento das importações eletrificadas surge num momento em que a China escolheu o Brasil como importante destino para a sua produção no setor.
De acordo com dados de abril da Associação de Automóveis de Passageiros da China (CPCA), divulgados em maio, o Brasil ultrapassou a Bélgica como o maior mercado de exportação de veículos chineses eletrificados. As exportações de carros elétricos e híbridos plug-in chineses para o Brasil aumentaram 13 vezes em relação ao ano anterior, atingindo 40.163 unidades em abril.
A Anfavea afirmou nesta sexta-feira que a participação da China nas importações de veículos do Brasil de janeiro a maio passou de 6% em 2023 para 27% este ano, totalizando 42,8 mil unidades. Segundo a entidade, a China representou 82% do crescimento das importações brasileiras do setor no período.
PRODUÇÃO E PREVISÃO
A indústria automobilística brasileira produziu 166,7 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em maio, queda de 25% em relação a abril e de 27% na comparação anual.
Leite citou uma série de fatores para a queda, entre eles as paralisações de fábricas, a operação padrão do Ibama nas importações do setor, que afeta fornecedores, e as enchentes no Rio Grande do Sul, que também impactaram fornecedores e a malha logística do setor. .
Não fossem os problemas, a produção do mês passado poderia ter sido superior em 43 mil unidades, disse Leite, citando que 12 mil deste volume correspondem ao impacto das chuvas no sul do país.
Questionado sobre as previsões do setor para 2024 divulgadas no final de 2023, o presidente da Anfavea afirmou que “ainda é cedo para dizer se os números gaúchos vão comprometer as previsões para o ano”.
O Estado conta com mais de 500 fornecedores do setor automotivo nacional e abriga mais de 600 concessionárias de veículos, disse Leite.
“Embora as exportações tenham sofrido queda e tenhamos a crise no Rio Grande do Sul, os registros na média diária continuam fortes e uma coisa pode compensar a outra”, afirmou, citando que a entidade deveria fazer uma análise desta mês sobre uma possível revisão das projeções.
A Anfavea previu em dezembro que as vendas de veículos novos este ano crescerão 7% no Brasil, as exportações aumentarão 2% e a produção aumentará 4,7%. A estimativa para as vendas de eletrificados é de expansão de 61%, para 142 mil unidades.
De janeiro até o final de maio, as vendas de veículos eletrificados totalizaram 64,8 mil unidades, aproximando-se do volume de 93,9 mil de todo o ano de 2023. Só os veículos elétricos totalizaram 26 mil veículos nos primeiros cinco meses deste ano, acima dos 19,3 mil vendidos ano passado.
VENDAS
O licenciamento total em maio caiu 12% em termos mensais, mas subiu 10% face a maio de 2023, para cerca de 194 mil veículos. No acumulado do ano, as novas vendas aumentaram cerca de 15%, para 929,7 mil unidades, acima da previsão de aumento de 7% para o ano.
Segundo a Anfavea, o mês passado foi o melhor maio em média diária de vendas desde 2019, com 9.250 unidades registradas por dia, apesar da queda de 64% no Rio Grande do Sul e do feriado prolongado nos últimos dias do mês passado.
“Tradicionalmente, o mês de maio apresenta queda nas vendas em relação a abril. Nossa previsão era que maio tivesse 14 mil unidades a menos”, disse o presidente da Anfavea.
(Por Alberto Alerigi Jr.Edição de Fabrício de Castro)
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