Nesta quinta-feira, 6, a Polícia Federal deflagrou uma operação em 18 estados e no Distrito Federal para capturar mais de 200 foragidos, investigados e condenados envolvidos no dia 8 de janeiro. Até a noite de ontem, 49 pessoas haviam sido presas preventivamente, segundo a PF. Os agentes continuaram procurando por outros 159.
Os alvos da ofensiva, segundo os investigadores, não cumpriram “deliberadamente” as medidas de precaução. Alguns quebraram a tornozeleira eletrônica ou mudaram de endereço sem avisar a Justiça, “correndo risco de fuga”; outros, condenados, não se apresentaram para cumprir pena e deixaram o Brasil.
“Ao longo de 27 fases, a Operação Lesa Pátria efectuou centenas de detenções perante vândalos, financiadores, autoridades negligentes e instigadores dos crimes praticados no início do ano passado. ou ainda fugiram para outros países, com o objetivo de evitar a aplicação da lei penal”, informou a PF.
Todos os 208 mandados de prisão preventiva da operação de ontem foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que julga os acusados de participação nos ataques à sede do Tribunal, do Congresso, no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro de 2023. No episódio, dependências dos prédios dos Poderes, em Brasília, foram invadidas e vandalizadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Fases
A primeira fase do Lesa Pátria foi lançada 12 dias após os atos antidemocráticos de 2023. Em quase 30 fases, a PF mirou empresários, parlamentares, policiais e militares ligados direta ou indiretamente ao 8 de janeiro. A operação investiga suspeitas de crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou destruição de bens especialmente protegidos.
No dia 8 de janeiro deste ano, quando completou um ano a destruição na Praça dos Três Poderes, a PF divulgou, em seu balanço, a apreensão de bens pertencentes aos investigados estimados em R$ 11,7 milhões e informou que os danos causados ao patrimônio público poderá chegar a R$ 40 milhões.
A PF afirmou que não divulga a lista dos foragidos, mas a identidade de pelo menos dez deles foi revelada após quebrarem a tornozeleira eletrônica e deixarem o país. A corporação não confirmou se eles estavam entre os procurados na operação de ontem.
Os investigados, que ainda enfrentam processos no Supremo, não são considerados foragidos. Tecnicamente, alguém é considerado foragido a partir do momento em que há um mandado de prisão e a pessoa não comparece ao tribunal ou não é encontrada.
É o caso de pelo menos sete réus, condenados a mais de dez anos de prisão pelo STF, que romperam a tornozeleira imposta como medida cautelar pelo ministro Alexandre de Moraes. Os fugitivos foram para países como Argentina e Uruguai. A informação foi divulgada em maio pelo portal UOL.
Fronteira
Entre os presidiários que deixaram o Brasil está o músico Ângelo Sotero, 59 anos, morador de Blumenau (SC). Ele foi condenado pelo STF em novembro do ano passado a 15 anos e seis meses de prisão pelos crimes de tentativa de golpe de estado e associação criminosa.
Preso durante a invasão do Planalto, ele foi solto em agosto do ano passado, com tornozeleira eletrônica. Há cerca de dois meses, Sotero quebrou o equipamento e fugiu para a Argentina, pela fronteira de Dionísio Cerqueira (SC). Para o Estadãoo advogado do músico, Hemerson Barbosa, disse não saber o paradeiro de seu cliente.
Outro condenado do dia 8 de janeiro que fugiu do Brasil é o corretor de seguros Gilberto Ackermann, 50 anos, de Balneário Camboriú (SC). Condenado a 16 anos e seis meses de prisão em outubro do ano passado, o corretor registrou em fotos sua participação nos atos golpistas. Em abril, a 1ª Vara Criminal de Camboriú registrou que a tornozeleira de Ackermann havia parado de funcionar.
A defesa do corretor negou à reportagem saber onde ele está. “É uma condenação completamente injusta. Ele é um preso político. Esses processos são uma aberração jurídica. As provas do processo não foram analisadas, pelo contrário, o que foi analisado foi em detrimento do meu cliente. Ele é uma pessoa correta “, afirmou.
Moradora de Joinville (SC), Raquel de Souza Lopes fugiu para a Argentina em abril. Assim como Ackermann, ela foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão em outubro. A PF encontrou fotos e imagens no celular de Raquel dentro do Planalto, durante os ataques. Para o Estadão, a advogada Shanisys Massuqueto, que representa Raquel, afirmou que “ela não está conversando com os jornais sobre esse caso”. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
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