As enchentes e alagamentos provocados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul a partir do final de abril impactaram negativamente a indústria gaúcha medida pela Receita Estadual, que constatou queda de 15,6% nas vendas ao longo do mês de Maio, face ao mesmo mês do ano anterior.
Segundo boletim de arrecadação e emissão de notas fiscais no período, os setores mais impactados foram: insumos agropecuários, com -39,1% em maio; metalmecânica, com -24,4%; e pneus e borracha, com -18,2%. O segmento têxtil e vestuário vendeu -17,2%, e o segmento Madeira, Cimento e Vidro, -16,1%.
O setor agropecuário vendeu -9,9% em maio, na comparação anual, enquanto as vendas do setor alimentício caíram 5,3%.
“Apesar disso, todos os setores analisados já apresentam sinais de recuperação após o momento mais crítico da crise meteorológica”, afirmou o governo do RS em nota. Segundo dados oficiais, o maior impacto económico foi registado na primeira semana da catástrofe climática, em que a queda média geral atingiu -37,3%.
O relatório da atividade econômica do Rio Grande do Sul também detalhou os dados por regiões, com as maiores quedas observadas na Fronteira Noroeste (-63,2%), no Alto do Jacuí (-28,6%), no Vale do Rio dos Sinos (-26,2% ), no Vale do Taquari (-26,0%) e Vale do Caí (-25,9%). A Região Metropolitana de Porto Alegre teve índice de -21,2% na comparação das vendas da indústria em maio de 2024 e 2023.
No geral, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no RS em maio foi R$ 640 milhões (-16,1%) inferior ao projetado no início do ano. Segundo o governo do Rio Grande do Sul, 91% dos 278 mil estabelecimentos que contribuem com ICMS no RS estão localizados em municípios em estado de calamidade pública ou em situação de emergência. Destes, 44 mil estabelecimentos (16% do total), responsáveis por 27% da arrecadação do ICMS, estão localizados em áreas alagadas.
Impacto no PIB
O impacto da tragédia climática no Rio Grande do Sul na economia nacional ainda não foi totalmente mensurado. Nesta semana, por exemplo, o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre deste ano, destacando, porém, que o cálculo não capta o impacto de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul.
“Isso só vai aparecer quando tivermos pesquisas mensais próprias para esse período”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Em 2023, o Rio Grande do Sul era o estado com o quinto maior PIB do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. A economia gaúcha produziu R$ 640,299 bilhões no ano passado, o equivalente a 5,9% do PIB nacional.
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