O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou neste sábado, 8, que o liberalismo não é a resposta para algumas áreas públicas. A fala aconteceu durante debate em fórum realizado pela Esfera, no Guarujá, litoral paulista.
A declaração de Silveira veio como um contraponto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, ao contrário de Oliveira, disse ser liberal e acreditar “no Brasil que terá uma economia de mercado, um Brasil que aproveitará seu potencial , que fará uma transição energética”.
Silveira saiu em defesa de um Estado que não dependa exclusivamente da iniciativa privada. “O país precisa crescer, gerar emprego e renda. Precisa criar oportunidades para toda essa estabilidade jurídica regulatória, pois temos um país geopoliticamente muito bem colocado e que tem estabilidade social e política. com o máximo de turbulência possível que poderia ter acontecido. Precisamos buscar soluções para podermos investir novamente. E nem todas as áreas podem ser resolvidas exclusivamente com o estado ultraliberal que só acredita no investimento privado”, afirmou o ministro de Luiz Inácio. Lula da Silva.
Silveira afirmou ainda que não vê inconsistência entre a ambição do Brasil de ser referência na agenda global de transição energética e, ao mesmo tempo, continuar explorando campos energéticos, inclusive na Bacia da Foz do Amazonas. “Infelizmente não há ninguém no mundo que possa dizer quando poderemos abrir mão da fonte energética do petróleo”, destacou Silveira.
“Não é incongruente [com a agenda de transição]. Devemos, sim, dar direito aos brasileiros, ao setor produtivo, de conhecer o seu potencial natural e fazer o Brasil crescer e combater a desigualdade”, reforçou o ministro, que diz acreditar na descarbonização.
Segundo Silveira, ao investir na exploração de petróleo, o Brasil contribui para a sustentabilidade global. Lembrando que, graças às políticas públicas implementadas ao longo de décadas, 88% da energia elétrica do país provém de fontes renováveis, destacou que o Brasil já fez e continuará investindo na transição energética.
Nesse sentido, ele citou a contratação neste ano de mais de R$ 60 bilhões em linhas de transmissão, o que, segundo ele, vai desbloquear ainda mais energia limpa e renovável para o país. Disse ainda que aguarda a aprovação do projeto de lei Combustível do Futuro. Já aprovado na Câmara, o projeto prevê maior mistura de anidro na gasolina, de 27,5% para até 35%, e de biodiesel no diesel, de 14% para 25%.
Para o ministro de Minas e Energia, o Brasil tem autoridade para discutir a transição energética no cenário internacional. Ao presidir as reuniões do G20 neste ano e sediar, em novembro do próximo ano, em Belém, no Pará, a COP30, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, o Brasil – defendeu Silveira – precisa aproveitar a oportunidade para abrir as portas para investimentos que o resto do mundo está a fazer na substituição dos combustíveis fósseis.
‘Magda Chambriard tem toda a nossa confiança’
Silveira reforçou que o governo confia no trabalho da nova presidente da Petrobras (BVMF :), Magda Chambriard. Ele volta a citar que o CEO da empresa acompanhou a discussão, no primeiro ano da nova gestão Lula, sobre as prioridades que o Executivo defende para a empresa.
“Sempre destacamos com veemência e transparência o que o governo pensa da Petrobras. O governo está controlando e entendemos que, respeitando a governança da empresa, ele deve participar das questões estratégicas”, declarou antes de participar do painel do Fórum Esfera.
Silveira tem defendido em declarações públicas um equilíbrio entre a necessidade de manter a atratividade da Petrobras para investidores internos e externos e a agenda de investimentos defendida pelo governo. A saída de Jean Paul Prates é atribuída internamente a um possível desalinhamento com esta agenda.
“A atual presidente tem toda a nossa confiança, principalmente porque acompanhou todo esse debate que durou um ano e quatro meses. Então ela conhece a agenda que é tão importante para o Brasil, que é manter uma empresa vigorosa, com uma governança muito segura e que seja atraente para os investidores, mas também cumpre sua função social”, disse Silveira.
O ministro também já reiterou publicamente que o governo defende “o que já é público”, ao falar das prioridades da empresa. O plano estratégico para o período de 2024 a 2028 prevê investimentos de 102 mil milhões de dólares. O valor está 31% acima dos US$ 78 bilhões em aportes entre 2023 e 2027. Além do petróleo e do petróleo, há prioridades em investimentos “rentáveis” de baixo carbono, segundo comunicado da Petrobras divulgado no final de 2023.
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