Por Daniela Desantis e Lucinda Elliott
ASSUNÇÃO (Reuters) – As exportações paraguaias ganharam impulso em maio, depois que muitos produtores adiaram o fechamento de contratos à espera de melhores preços.
Agora, com a alta da commodity, os paraguaios estão realizando vendas, apesar das persistentes dificuldades no transporte fluvial devido ao baixo nível dos rios.
As vendas da oleaginosa atingiram 1,13 milhão de toneladas em maio, um aumento de 34% em relação a abril, segundo dados não divulgados anteriormente, tornando o quinto mês do ano o mais dinâmico de negócios para 2024.
A expectativa é que o Paraguai colha uma safra de mais de 10 milhões de toneladas no ciclo 2023/24. Os embarques foram interrompidos nos últimos meses devido aos baixos níveis dos rios, essenciais para as barcaças que transportam grãos.
“A situação está a melhorar para o agricultor paraguaio que ainda tem cereais (…) os preços estão a recuperar”, disse Manuel Ferreira, consultor local e antigo Ministro das Finanças.
Os contratos futuros de soja em Rosário têm oscilado em torno de US$ 325, depois de terem caído para menos de US$ 280 em fevereiro.
Dados partilhados com a Reuters pela Direcção Nacional das Receitas Fiscais mostram que cerca de 4,6 milhões de toneladas de soja foram exportadas até ao final de Maio. As vendas começaram bem o ano, mas estagnaram em fevereiro e março.
SECA NO PANTANAL
Héctor Cristaldo, presidente da Unión de Gremios de la Producción, disse que muitos produtores adiaram o fechamento de contratos “à espera de uma recuperação” dos preços em meio a dificuldades de navegação devido aos baixos níveis dos rios.
Ferreira acrescentou que a procura por parte da Argentina, um dos maiores exportadores mundiais de óleo e farinha de soja, também está a aumentar.
“A Argentina começará a precisar da soja paraguaia em volumes maiores para o forte ciclo de moagem entre julho e agosto”, disse Ferreira.
Os rios do Paraguai, no entanto, permanecem baixos devido à grave seca no Pantanal, no oeste do Brasil, o que significa que as barcaças não conseguem transportar cargas completas.
“As barcaças não estão carregadas em sua capacidade máxima e isso está causando atrasos nos embarques”, disse Sonia Tomassone, assessora de comércio exterior da Câmara Paraguaia dos Exportadores de Oleaginosas e Grãos (CAPECO).
O nível do rio Paraguai perto do principal porto de grãos de Villeta estava em 0,85 metros na segunda-feira, segundo dados oficiais, bem abaixo dos 3,5 metros do ano anterior, embora melhor do que em março, quando estava próximo de zero. A seca deverá ser prolongada.
As hidrovias que transportam barcaças para os portos marítimos a jusante na Argentina e no Uruguai são essenciais para o Paraguai. Quase a totalidade dos 4 milhões de toneladas de soja que ainda serão exportadas nesta temporada deverá ser transportada por via fluvial.
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