O papel do oceano na vida da população e a influência das ações humanas no oceano são o foco da 4ª Olimpíada Brasileira dos Oceanos (O2), que visa aumentar o conhecimento da sociedade sobre o tema. As inscrições para o novo edital abriram no sábado (8), Dia Mundial dos Oceanos, e podem ser feitas até 27 de agosto neste site. As atividades começam em setembro, com a prova de conhecimentos.
A diretora-geral do Centro de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia (Neap) da Universidade Federal do Pará e coordenadora do O2 2024, professora Jussara Lemos, estimou que este ano as Olimpíadas terão pelo menos 50 mil participantes, superando a capacidade do evento. números até 2023, mais de 45 mil pessoas. A primeira edição, em 2021, reuniu mais de 3.300 estudantes e cidadãos de 17 estados. No ano seguinte, mais de 11 mil se inscreveram.
“Por ser uma Olimpíada aberta a qualquer pessoa, a participação tem sido grande ao longo dos anos. Se considerarmos que se trata de uma Olimpíada recente, conseguimos um salto muito grande, passando de 3 mil para mais de 45 mil em três anos”, disse Jussara, em entrevista ao Agência Brasil.
Segundo a professora, o O2 amplia os horizontes dos participantes. “Acaba havendo uma mobilização sobre um tema que, em muitos lugares, nem é tocado. Por exemplo, chegamos em escolas na parte mais continental, que não tem praia, e às vezes o aluno, que nem viu o mar pessoalmente, acaba se interessando por um tema que não é discutido em sala de aula ou não faz parte da convivência dele, naturalmente. Isso acaba despertando outras habilidades e outros desejos. Conseguimos envolver pessoas que não são necessariamente do mar, também temos participação de locais muito remotos.”
Este ano, a O2 é uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Programa Maré de Ciências da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Ciência. Cultura (Unesco). O evento também conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, além da colaboração do projeto EUceano, da Comissão Interministerial de Recursos do Mar, do PPGMar/MEC e da Rede de Recursos Marinhos. Escolas Azuis do Atlântico (Rede de Escolas Azuis de Todo o Atlântico).
Segundo os organizadores, o O2 deste ano é aberto a pessoas físicas, instituições do sistema formal de ensino ou que promovam espaços de ensino não formal, o que permite a participação de pessoas interessadas em qualquer uma das modalidades, independentemente da idade, mesmo que não sejam vinculados a instituições de ensino.
“Pode ser desde uma criança no jardim de infância para fazer o seu projeto artístico, até uma pessoa idosa. Não precisa estar em um espaço formal de ensino. Vamos adequar a faixa etária nos cinco tipos de testes dependendo da pessoa”, explicou o diretor geral do Neap.
Modalidades
As Olimpíadas Brasileiras dos Oceanos contam com três modalidades, com destaque para a cultura oceânica. “É uma Olimpíada diferente. Não possui apenas uma área de conhecimento, também possui inscrição para projetos socioambientais e a categoria que é produção artística, tecnológica e cultural. São três modalidades em que as pessoas podem participar”, informou a professora, acrescentando que, por causa da divulgação das Olimpíadas nas escolas, em geral, crianças e adolescentes tendem a ter um número maior de inscrições.
Os projetos e produções desta edição podem ser elaborados com base em um ou mais dos quatro temas transversais: Mulheres na Ciência, com foco na promoção da igualdade de gênero e na promoção de mulheres, meninas e jovens para diferentes carreiras; Mudanças Climáticas, que aborda a influência do oceano no clima; Biomas do Brasil, para abordar a diversidade, o conhecimento e as tecnologias sociais, especialmente na Amazônia, que abriga a maior área contínua de manguezal do mundo; e Desporto, oceano e bem-estar humano, para realçar a importância da conservação dos oceanos e como o desporto depende diretamente da saúde dos ecossistemas marinhos, numa referência aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Segundo Jussara Lemos, os dois primeiros temas estão sempre presentes na O2. O terceiro é escolhido com base no tema lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para a Semana de Ciência e Tecnologia do CNPq. “Este ano o tema é Biomas Brasileiros, que incluímos também como tema transversal com ênfase na Amazônia. que também queremos destacar na COP, do ano que vem, aqui em Belém”, acrescentou. COP30 é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
Os inscritos na O2 podem escolher se preferem fazer apenas a parte de conhecimento, na qual deverão realizar provas objetivas nos dias 12, 13 e 14 de setembro. Caso acertem pelo menos 50% das questões, receberão certificado de honra pela participação, ou também poderão apresentar projetos e produções. “É a pessoa quem escolhe em qual esporte quer praticar.”
Mudanças climáticas
Em tempos de muita discussão sobre as mudanças climáticas, Jussara Lopes disse que as Olimpíadas ganham ainda mais importância. “É fundamental. As Olimpíadas são uma ferramenta muito importante de divulgação da ciência, de conscientização sobre temas como as mudanças climáticas, a importância do oceano na regulação do clima. Com a cultura oceânica podemos abordar todos esses temas e como eles estão interligados Assim, podemos fazer conexões entre todas essas catástrofes que estão acontecendo”, observou.
Ao final das Olimpíadas, os participantes receberão um certificado digital e os prêmios serão entregues em novembro. Alunos de escolas públicas concorrem a bolsas de iniciação científica júnior no valor de R$ 300 mensais, com duração de até oito meses, que serão implementadas em 2025 para desenvolver um plano de trabalho sobre cultura oceânica em suas escolas.
As bolsas serão distribuídas para todas as regiões do país, sendo que pelo menos 60% serão destinadas a meninas, autodeclaradas pretas, pardas, quilombolas, indígenas ou pessoas com deficiência. As bolsas também estarão disponíveis para pessoas privadas de liberdade, sob medidas socioeducativas ou egressas dos sistemas socioeducativo ou prisional.
Também haverá prioridade para moradores de municípios com baixos níveis de Desenvolvimento da Educação Básica, de Desenvolvimento Humano Municipal ou de municípios remotos. O Programa Maré de Ciência acompanhará os bolsistas.
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