SÃO PAULO (Reuters) – O BNDES anunciou nesta quarta-feira que suspendeu por 12 meses o pagamento de um empréstimo de 1,25 bilhão de reais contraído pelo aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e administrado pelo alemão Fraport, anunciou o banco de desenvolvimento.
Em 2018, o BNDES aprovou financiamento para o Fraport Brasil ampliar e modernizar o aeroporto, que foi inundado durante as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul no mês passado.
O empréstimo teve prazo de 20 anos e foi feito na modalidade project finance, afirmou o BNDES, citando que o apoio do banco correspondeu a mais de 60% do total de 1,6 bilhão de reais investidos pela empresa no aeroporto.
Esta semana, a presidente da Fraport Brasil, Andreea Pal, afirmou que a empresa poderia anunciar a devolução da concessão de Salgado Filho caso o governo federal não apoiasse a empresa com recursos.
“Se não recebermos dinheiro, e não quero ser negativo, mas qual é a nossa possibilidade? Devolvemos a concessão”, disse o executivo durante visita de parlamentares gaúchos ao aeroporto, que tem não está operando desde a enchente.
Procurada na véspera, a Fraport Brasil não comentou o assunto. O Ministério dos Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não comentaram.
Segundo o BNDES, a suspensão temporária do pagamento do empréstimo da Fraport Brasil já pode valer a partir da parcela deste mês.
“Durante o período, não haverá cobrança de valores adicionais e o cliente não será considerado inadimplente. Haverá também a liberação de todo o saldo existente em uma conta reserva – separada para despesas de empréstimos – mas deverá ser reposta proporcionalmente. ao longo dos 12 meses subsequentes ao final do período, contados a partir da última prestação suspensa”, refere o banco em nota de imprensa.
O BNDES também anunciou a suspensão do pagamento da dívida da concessionária Rodovia Rota de Santa Maria (RSC-287), que segundo o banco sofreu graves danos estruturais devido às enchentes, sendo fechada em vários trechos.
O banco aprovou a alteração do prazo de vencimento – de dezembro de 2046 para dezembro de 2047 – das debêntures emitidas pela concessionária Rota de Santa Maria. Em junho do ano passado, com subscrição de 100% pelo BNDES, foram arrecadados 250 milhões de reais.
“O desafio é manter as empresas solventes e operacionais neste momento, com capacidade de cumprir obrigações de curto prazo, principalmente de manutenção de empregos”, disse o superintendente da área de infraestrutura do BNDES, Felipe Borim, no comunicado.
“Em conjunto com a suspensão dos pagamentos do serviço da dívida, anunciámos medidas de crédito para reconstruir e restaurar o capital de giro das empresas”, acrescentou.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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