Lula diz que mundo tem arquitetura financeira disfuncional que fomenta desigualdades Por Reuters

Por Lisandra Paraguassu

(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que o planeta tem uma arquitetura financeira que promove desigualdades, acrescentando que os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza mantêm a humanidade longe dos objetivos de justiça social.

“Temos uma arquitetura financeira disfuncional, que alimenta as desigualdades. Os bancos de desenvolvimento investem muito pouco”, disse o presidente no final do Fórum Inaugural da Coligação pela Justiça Social.

Criada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para tentar acelerar o cumprimento do Objetivo do Milênio, que trata do trabalho de qualidade para todos, a Coalizão convidou Lula para ser seu copresidente.

No seu discurso, o presidente destacou a necessidade da paz para alcançar a estabilidade e a justiça social, criticando as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Destacou ainda que a desigualdade no mundo tem vindo a crescer, com a diminuição dos rendimentos dos trabalhadores, e defendeu a necessidade do Estado planear o desenvolvimento.

“Recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é uma tarefa urgente. A mão invisível do mercado só agrava as desigualdades. e rendimento. Precisamos de uma nova globalização – uma globalização com rosto humano”, argumentou.

Muito aplaudido, Lula também criticou o avanço da extrema direita no mundo e defendeu a democracia como essencial para a manutenção de direitos. Ele lembrou que o Brasil foi alvo de investigação da OIT durante o governo de Jair Bolsonaro devido à perda de direitos trabalhistas.

“A democracia e a participação social são essenciais para a concretização dos direitos laborais”, lembrou. “Os ataques à democracia resultaram historicamente na perda de direitos. Não é mera coincidência que o meu país tenha sido investigado por violar as normas desta Organização durante o governo do meu antecessor. O extremismo político ataca e silencia as minorias, negligencia os mais vulneráveis ​​e vende muita ilusão. A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham mentiras e ódio.”

Lula também destacou a proposta de tributação global dos super-ricos, que o Brasil propôs durante sua presidência do G20, e vem negociando com os países que compõem o bloco. O presidente destacou que 3.000 pessoas no mundo detêm hoje 15 biliões de dólares em riqueza, mais do que o que os países em desenvolvimento necessitam para se adaptarem às alterações climáticas.

Exigiu também que os países ricos façam a sua parte no financiamento das adaptações, que já estão a impactar a vida dos trabalhadores. Reiterou que o Brasil cumprirá a sua parte, com desmatamento zero na Amazônia, mas lembrou que “debaixo de cada copa de árvore há um trabalhador que precisa de salário, saúde, educação”.

“Os ricos precisam pagar a conta para que os pobres possam sobreviver cuidando da Amazônia”, argumentou.

(Por Lisandra Paraguassu, em Brasília)