A dissociação do piso previdenciário do salário mínimo “não passa pela cabeça do governo”, disse a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, nesta quarta-feira (12). Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento, ela disse que a secretaria estuda a “modernização” de benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o abono salarial e o seguro-desemprego.
“Não ocorre ao presidente Lula nem à equipe econômica separar a aposentadoria do salário mínimo. Estamos analisando a possibilidade de modernização dos benefícios previdenciários [não relacionados à aposentadoria] e trabalhistas”, disse o ministro.
Tebet destacou que as discussões ainda estão em fase inicial e estão sendo conduzidas pelos técnicos do ministério, sem que nenhuma decisão tenha sido tomada. “Acho que mudar o valor da aposentadoria é um erro. Você vai tirar com uma mão e ter que devolver com a outra. Temos que modernizar as outras conexões. O BPC, o abono salarial, como são essas políticas públicas. A discussão está sendo feita internamente, mas não há decisão política”, acrescentou.
Revisão de gastos
O ministro disse que começa a etapa mais difícil do ajuste fiscal, com a revisão dos gastos. Ela mesma admitiu que o espaço para medidas de aumento de arrecadação está diminuindo. “Como disse o próprio ministro Haddad, não temos plano B em relação à isenção. Isto significa que novas fontes de receitas estão a esgotar-se. O lado bom disto é que teremos que acelerar o processo de revisão dos gastos”, afirmou Tebet.
O ministro referiu-se à declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após a devolução parcial da medida provisória que pretendia limitar a compensação do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Segundo ela, agora o governo precisa “realinhar e requalificar” os gastos públicos.
“Temos plano A, plano B, plano C e plano D na revisão de gastos, porque mal começou. Não é por outro motivo e ninguém esconde isso, mal começou porque é o trabalho mais difícil de fazer, é complexo e envolve deliberação do Congresso Nacional”, explicou o ministro.
Segundo Tebet, existem três frentes de redução de gastos. A primeira é a fiscalização e eliminação de fraudes em programas sociais, como o Bolsa Família. A segunda é a redução dos incentivos fiscais. A terceira é a modernização de despesas obrigatórias, como benefícios de saúde, educação e previdência social.
Saúde e educação
Embora o ministro Haddad tenha dito nesta terça-feira (11) que pretende propor mudanças no formato dos pisos constitucionais da saúde e da educação, Tebet afirmou que limitar o crescimento dos limites a um aumento de 2,5% acima da inflação ao ano não está em discussão. “Ninguém está dizendo que vão limitar a 2,5%”, declarou.
Uma possível mudança na regra visa evitar o colapso do novo marco fiscal porque os pisos para Saúde e Educação cresceriam mais do que os gastos discricionários (não obrigatórios) dos ministérios nos próximos anos. O próprio Tesouro Nacional estima que o espaço para gastos públicos gratuitos será comprimido ano a ano, até desaparecer em 2030, caso não sejam alteradas as regras dos limites mínimos para Saúde e Educação.
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