O pré-candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) divulgou nesta sexta-feira, 14, uma nota aos veículos de imprensa na qual questiona o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à pré-campanha de Ricardo Nunes (MDB) , prefeito da capital paulista.
“Como é que (Jair) Bolsonaro vai apoiar um ‘cara’ que tem (João) Doria como articulador?”, questiona o pré-candidato do PRTB, referindo-se ao acordo que, em 2020, consolidou a nomeação de Nunes como vice-presidente -prefeito na chapa de Bruno Covas, do PSDB.
A declaração de Marçal ocorre após o treinador ter sido criticado pelos eleitores de Bolsonaro por ter se reunido com Doria. Ele argumentou que era a favor do diálogo, mas disse que o ex-prefeito tinha interesse em ajudar Nunes. “Doria trabalhou incansavelmente na tentativa de me dissuadir da ideia de sair como candidato e me tirar da disputa, me rebaixando a vice-presidente de Nunes”, disse, reafirmando que não será vice-presidente de ninguém e, em seguida, questionando sobre o apoio de Nunes. Bolsonaro ao atual prefeito.
Candidatura de Doria à presidência foi recomendada por Nunes
Naquele ano, João Doria (PSDB), rival político de Bolsonaro, era governador de São Paulo e planejava se candidatar à Presidência nas eleições de 2022.
Os tucanos pretendiam contar com o MDB tanto na coligação ao Palácio do Planalto, chefiada por Doria, quanto na disputa pelo governo paulista – nesse arranjo, o candidato à campanha pelo Palácio dos Bandeirantes foi Rodrigo Garcia, então vice-governador.
Garcia era filiado ao Democratas (hoje União Brasil), mas esperava-se que ele migrasse para o PSDB para disputar a sucessão ao governo do estado.
O grupo político ligado a Doria avaliou que os termos do acordo seriam facilitados ao dar ao MDB o cargo de vice-presidente na chapa de Bruno Covas, prefeito de São Paulo que concorreria à reeleição. O emedebista Ricardo Nunes, então vereador, foi indicado como candidato a vice-prefeito.
Em novembro de 2020, Covas venceu a eleição em segundo turno contra Guilherme Boulos, do PSOL, com 59,38% dos votos válidos. Em maio de 2021, Bruno Covas faleceu devido a complicações de um câncer com metástase. Com a morte do titular, assumiu o seu vice, Nunes.
Em abril de 2022, João Doria renunciou ao governo paulista, visando concorrer à presidência. Àquela altura, porém, ele já enfrentava resistência do seu próprio partido em lançá-lo como candidato. No mês seguinte, Rodrigo Garcia deixou o DEM e migrou para o PSDB, habilitando-se a disputar a eleição para governador no novo partido.
Porém, João Doria anunciou então que desistia de concorrer à Presidência. Nas eleições de 2022, o MDB, de fato, esteve em coligação com o PSDB tanto na disputa pelos Bandeirantes quanto pelo Planalto, mas com arranjo diferente do calculado por Doria. Na campanha para governador, o MDB fez parte da coligação de Rodrigo Garcia, que acabou ficando em terceiro lugar. Para a Presidência, os emedebistas apresentaram o nome da senadora Simone Tebet, que concorreu com a senadora Mara Gabrilli, então no PSDB, como vice.
Para o Estadão, Ricardo Nunes atribui a indicação para vice-presidente na chapa de Covas ao próprio ex-prefeito. “Quando ele me contou eu chorei. Sempre tive muita admiração por ele, tinha ele como ídolo”, disse Nunes.
Marçal repete críticas à aliança entre Bolsonaro e Nunes
Esta não é a primeira vez que Marçal critica a aliança entre Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes. “Não há chance de Bolsonaro apoiar Nunes”, disse o empresário em 4 de junho. “Bolsonaro é um cara que tem um princípio declarado, conservador, Nunes não tem nada disso”.
O ex-presidente e o prefeito de São Paulo se aproximaram, mas ainda não houve indicação do vice-presidente na chapa. O favorito é o coronel Ricardo Mello de Araújo, ex-comandante da Rota e ex-diretor da Ceagesp no governo Jair Bolsonaro. Nesta segunda-feira, os três se reuniram, juntamente com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ao sair, Nunes afirmou que o nome do vice deverá ser divulgado na próxima semana.
A escolha de Mello foi consolidada com o aval do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pela pré-candidatura do próprio Marçal, que se consolidou nas pesquisas de intenção de voto, ameaçando o potencial de voto do prefeito paulista entre os bolsonaristas. A confirmação do coronel como vice-presidente poderá ser uma forma de evitar o desgaste de Nunes neste setor do eleitorado. Nesta sexta-feira, 14, Nunes receberá Mello, Bolsonaro e Tarcísio para um almoço que poderá selar o acordo.
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