Nova York (EUA) – Para quem estava com saudades de Westeros, a espera acabou. A série A Casa do Dragão volta ao ar com sua segunda temporada neste domingo (16/6), a partir das 22h, na HBO e no streaming Max. Já se passaram quase dois anos desde o último episódio do spin-off, que já foi lançado. tornou-se um fenômeno cultural por bater o (alto) recorde de audiência de seu antecessor, Game of Thrones. Portanto, não se surpreenda se tiver a sensação de que o mundo parou para assistir à produção. Afinal, aproximadamente 30 milhões de pessoas deverão, de fato, parar.
“Vai ser interessante, porque fazer uma série durante um ano é uma coisa. Voltar às casas das pessoas pela segunda vez é outro impacto. Todo esse reconhecimento e interesse se solidificam de repente”, reflete Matt Smith, que interpreta Daemon Targaryen, durante entrevista com o elenco em Nova York no início deste mês. O ator – que, aliás, ama o Brasil – pode falar com segurança, já que atuou em outros dois grandes sucessos da televisão: The Crown e Dr. “Vai ser uma loucura, sim. Mas afinal, isso é bom, não é? É legal fazer parte de um mundo que as pessoas querem celebrar”, reflete.
As expectativas para a nova fase são grandes, pois a trama é dividida em dois lados, o verde e o preto, que estão prestes a entrar em guerra, o que resulta em ainda mais cenas de batalha. O roteiro começou a ser escrito antes mesmo do término das filmagens da primeira temporada, mas o segredo do que está por vir está guardado a sete chaves.
“Tenho três amigos próximos que são superfãs da série. Eles literalmente não me deixam falar nada para não estragar tudo”, comenta Olivia Cooke, que interpreta a líder do time verde Alicent Hightower. “Quero que seja especial e que eles se choquem. Mas às vezes acontece que menciono acidentalmente que estive no Nepal, por exemplo. Eles ficam indignados porque adivinham a localização. Alguém sempre fala: ‘Ok, agora sei que tem cena naquele lugar’”, confessa a atriz, rindo.
“É quase como trabalhar para algo governamental, como o serviço secreto”, brinca Ryan Condal, criador e showrunner. Como se trata de eventos 200 anos antes de Game of Thrones, é fácil encontrar informações sobre a trama de O Dragão. “[As revelações estão] no próprio livro. O interessante da nossa série está nos detalhes que criamos, nas lacunas deixadas intencionalmente na forma como a história foi escrita. O que e como acontece já está lá. Estamos lhe contando o porquê”, explica Ryan.
O orçamento da Casa do Dragão é cinematográfico
Tudo isso é possível com o apoio de uma das maiores e mais caras produções televisivas da história. O orçamento e o tempo de filmagem da segunda temporada equivalem a dois filmes dos Vingadores. Foram 270 dias de gravação, mais de 9 mil figurantes, 30 litros de sangue de palco, sem contar fantasias, armas e, claro, os dragões. “Pode parecer estranho, mas as cenas de batalha são muito divertidas de filmar. Você se move o tempo todo, acerta um, esfaqueia outro. Há sangue por todo lado. Eles jogam muitas coisas em você. É esse tipo de fingimento”, diz Matt.
Porém, a série também possui uma parte dramática central e bastante densa. Para Fabien Frankel, Sir Criston Cole, estes dias longos são os mais cansativos. “Parece que, do nada, depois de 16 horas de gravação, chega o momento de dar as únicas duas falas que tenho na cena. Os dias em que você está ocupado e tem milhões de coisas para fazer, atuar, principalmente se houver cenas de ação, passam voando.” E vale lembrar que, na maioria das vezes, o personagem usa uma fantasia de metal, sem muita mobilidade. “Sim, adormeci usando a armadura. Na verdade, todo mundo já dormiu um pouco no set em algum momento”, confessa.
E por falar em desconforto, trabalhar com dragões é mais difícil do que parece. Obviamente não se trata de animais reais, mas sim de dispositivos visuais ajustados na fase de pós-produção. Dentro do elenco, Eve Best, Rhaenys Targaryen, é sem dúvida a mais experiente. “Passei quase a temporada inteira sozinho com um dragão. Foi meio surreal, sinto que criamos mesmo uma relação”, brinca. Na verdade, a conexão entre sua personagem e Meleys, o dragão, é especial; Por isso, em uma cena emocionante entre os dois, a fera “foi interpretada por dois homens completamente cobertos de azul segurando um sofá azul, como a cabeça dela”, lembra ela.
Independentemente do cerne da história, a popularidade do programa impacta a vida de todos os envolvidos. Steve Toussaint, mesmo sem a peruca e a barba loira de Lord Corlys “The Sea Snake” Velaryon, é constantemente reconhecido nas ruas. Mas o ator ganhou pontos com os sobrinhos, obcecados pela série. “Um deles ainda me chama de ‘Meu Senhor’ quando me conhece, principalmente quando estamos em público”, ri.
Na verdade, o que vemos na televisão é muito diferente daquilo a que os atores têm acesso no set. Portanto, mesmo que evitem se ver na tela, eles abrem uma exceção, porque “o legal desse universo de Game of Thrones é que há muita coisa que você não vivencia no filme. Então, quando assistimos ao episódio, temos o mesmo impacto que o público, por exemplo, quando vejo o cenário de Dragonstone e Driftmark. Então é possível ver todos esses locais e diferentes personagens com os quais não interagi, porque estamos geograficamente distantes de tudo isso”, comenta Olivia.
Mesmo sendo um trabalho árduo, para quem faz parte do elenco, a série tem transformado vidas a nível pessoal e profissional. “É uma coisa maravilhosa de se fazer todos os dias. Mesmo sendo difícil e até desafiador, permite que você faça coisas completamente malucas que ninguém mais fez. Desde voar em um dragão até cortar a cabeça de alguém”, reflete Matt. “É raro ter essa oportunidade. Existem excelentes atores que trabalham a vida toda, mas o público nunca tem a oportunidade de vê-los. Estar em algo que todo mundo vê é fantástico”, finaliza.
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