A Justiça do Rio de Janeiro condenou o ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e a advogada Camila Nogueira por obstrução à justiça no caso da morte da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Informações falsas repassadas por Ferreirinha atrasaram as investigações em quase oito meses, segundo a Polícia Federal (PF).
Os dois foram condenados a quatro anos e meio de prisão. Relatório da PF apontou que Ferreirinha mentiu ao acusar o miliciano Orlando Curicica de ter planejado o assassinato com o então vereador Marcello Siciliano. A advogada Camila Nogueira foi condenada por ter conseguido que Ferreirinha apresentasse as acusações, mesmo sabendo que eram falsas.
Segundo a PF, Ferreirinha trabalhava como segurança de Curicica e tinha medo de ser morto após romper com a milícia do ex-patrão.
Em depoimento à PF, o ex-policial militar admitiu que mentiu durante a investigação, e o advogado reconheceu o plano de atrapalhar a investigação. Perante a Justiça, ambos negaram as versões, mas o juiz entendeu que as provas do caso eram suficientes para condenar Ferreirinha e o advogado.
O caso encontra-se sob sigilo judicial e a confirmação das condenações foi obtida pelo TV Brasil. As defesas do ex-policial militar e do advogado não foram localizadas.
O crime
Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram mortos na noite de 14 de março de 2018. O carro em que viajavam os dois e um de seus assessores foi perseguido por criminosos na região central do Rio de Janeiro e atingido por 13 tiros.
Desde 2023, a investigação iniciada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro é conduzida pela Polícia Federal.
Em março deste ano, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão (atualmente sem partido), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.
Chiquinho e Domingos são irmãos e apontados como mandantes do crime. Segundo as investigações, os dois consideravam que a atuação parlamentar de Marielle era um obstáculo para negócios ilegais de seu interesse em áreas controladas pela milícia. Rivaldo Barbosa teria agido para evitar que o autor do crime fosse descoberto.
Os três foram denunciados ao STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por homicídio e organização criminosa. Todo mundo está preso. O caso tramita no Supremo já que Chiquinho Brazão, titular do cargo de deputado federal, tem foro privilegiado. Ele enfrenta processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
Mais presos
Investigações e material de delação premiada apontam o ex-policial militar Ronnie Lessa como autor dos tiros que atingiram o carro. Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz, que conduzia o Cobalt usado no crime, são presos.
Outro suspeito preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel. Seria sua responsabilidade entregar o Cobalto utilizado por Lessa para o desmantelamento. Segundo as investigações, todos estão envolvidos com milícias.
No final de fevereiro de 2024, a polícia prendeu Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha. Ele é dono do ferro-velho onde o veículo usado no homicídio teria sido desmontado e descartado. O homem já havia sido indiciado pelo Ministério Público em agosto de 2023. Ele é acusado de impedir e dificultar investigações.
*Com informações de TV Brasil.
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