A Justiça de São Paulo tomou decisão sobre o caso do jornalista Elian Matte, demitido da TV Record em abril. O profissional havia sido demitido da empresa após relatar episódios de assédio do diretor Márcio Santos, que foi demitido e indiciado pela Polícia Civil.
Nesta quarta-feira (29), a coluna F5, do jornal Folha de São Paulo, anunciou que a Justiça determinou que o jornalista fosse recontratado para ocupar o cargo na equipe do “Câmera Record”, programa apresentado por Roberto Cabrini. Segundo sentença da 31ª Vara do Trabalho de São Paulo, Matte trabalhou em casa após ser diagnosticado com síndrome de Burnout.
A empresa tem 10 dias, após notificação, para recontratar, sujeito a multa diária de R$ 100 mil. Procurada pela coluna, a Record afirmou que não comentará a recontratação do profissional.
O caso
O diretor de Recursos Humanos, Márcio Santos, foi denunciado pelo jornalista Elian Matte por assédio sexual no ambiente de trabalho. A denúncia foi registrada na Polícia Civil de São Paulo no dia 14 de novembro de 2023. O comunicador, que foi roteirista do programa “Câmera Record”, apresentado por Roberto Cabrini, revelou que a situação começou com convites de Santos para ele ir ao a sua sala de reuniões.
Segundo a revista Piauí, no boletim de ocorrência há descrições feitas por Matte de como aconteceram os insistentes pedidos feitos pelo diretor. Após receber três ligações para ir à sala, a última para uma conversa mais pessoal, a interação entre os dois migrou para o WhatsApp. A partir de então, Santos passou a enviar mensagens supostamente com conteúdo sexual.
O jornalista disse que respondeu às mensagens com medo de ser demitido. “São pedidos insistentes para sair e, apesar das minhas recusas, ele continuou com conversas em que pergunta o tamanho do meu órgão genital, em que diz que não tem ciúmes de mim e que precisa de ajuda médica“afirmou num excerto do documento obtido pelo Notícias da TV.
“Cheguei até a ceder por um período, tive medo de cortar e ser dispensado. Mas tudo piorou quando ele começou a usar a estrutura da TV para me monitorar.”, ele falou. Segundo o roteirista, Santos chegou a enviar fotos suas tiradas por meio de câmeras de monitoramento às quais apenas os diretores da empresa têm acesso.
A situação tornou-se tão intensa que Matte desenvolveu sintomas de esgotamento, transtorno que causa estresse e exaustão física em situações estressantes de trabalho. Ele procurou o ambulatório médico oferecido pela Record, que confirmou o diagnóstico. Porém, o médico que atendeu o jornalista alterou o atestado pouco depois por medo de ser demitido.
“Ela me afastou, me diagnosticou com esgotamento. Uma semana depois, ela me enviou diversas mensagens dizendo que foi ameaçada pela direção e precisava me enviar um novo atestado modificado, pois o diagnóstico de burnout era proibido na delegacia. Eu mudei os certificados. Houve quebra de sigilo médico, alguém do RH ameaçou o médico“ele relatou.
Procurado pela revista Piauí, Santos negou as acusações. Disse que sabia “por dentro” da denúncia de assédio sexual, alegou ter sido vítima de uma mentira e que tudo não passava de “brincadeiras”. Sobre uma das fotos que enviou de sunga e com os órgãos genitais eretos, ele afirmou que a imagem foi tirada fora de contexto.
O diretor também falou sobre o uso de câmeras de circuito fechado para tirar fotos de Matte. “EEu estava brincando, principalmente porque ele tirou uma foto minha no celular. Assim como eu peguei [fotos pelas câmeras da empresa]uma ou duas vezes, dizendo que ‘vejo você passando’”, ele falou. Segundo a publicação, dentro da Record o assunto é tratado com “medo e silêncio”.
O diretor foi afastado da emissora no mesmo mês da denúncia. Márcio ainda era voluntário na Igreja Universal do Reino de Deus, que também o afastou. Em abril, a Polícia Civil de São Paulo o indiciou por suspeita de assédio sexual no local de trabalho.
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