Os juros futuros subiram de forma constante nesta quarta-feira, influenciados pelo clima global de aversão ao risco e por indicadores domésticos que reforçaram a ideia do fim dos cortes da Selic. As taxas subiram em todos os prazos, com maior força no longo prazo, resultando em ganho de inclinação da curva às vésperas do feriado de Corpus Christi, o que também alimentou a postura defensiva dos agentes. Além disso, a nova cobrança do presidente Lula ao Banco Central pela redução das taxas de juros pesou sobre os negócios.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2025 era de 10,415%, ante 10,368% ontem no reajuste. O DI para janeiro de 2026 teve taxa de 10,82%, de 10,67%, e o DI para janeiro de 2027 passou de 11,00% para 11,17%. O DI referente a janeiro de 2029 apresentou taxa de 11,64% (de 11,50%).
O aumento das taxas ganhou ritmo na segunda etapa, acompanhando as altas nos retornos do Tesouro, especialmente depois que o rendimento do T-Note de dez anos voltou a ultrapassar 4,60%, atingindo níveis não vistos desde o final de abril.
O Tesouro americano realizou hoje novo leilão de títulos com demanda abaixo da média, mas a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese, atribuiu grande parte da pressão sobre a curva às expectativas para a agenda nos próximos dias, o que poderá endossar a dura mensagem das atas do Federal Reserve. Amanhã será divulgado o PIB dos EUA do primeiro trimestre e, na sexta-feira, o índice de preços de despesas de consumo (PCE, em inglês) de abril. “O Livro Bege veio na mesma linha das recentes atas e discursos do Fed”, disse Veronese.
Internamente, os fortes dados do mercado de trabalho em Abril, que combinaram queda da taxa de desemprego, criação de emprego no topo das previsões e massa salarial recorde, alimentaram preocupações sobre o ritmo de consumo e, principalmente, o efeito sobre a economia . inflação de serviços. “Quando vemos esse mercado de trabalho muito resiliente, há um ceticismo maior sobre a inflação de serviços apresentar desaceleração suficiente para permitir a convergência à meta”, diz o economista da MAG Investimentos, Felipe Rodrigo de Oliveira, para quem não deveria haver mais cortes na Selic em 2024.
A Pnad Contínua mostrou que o desemprego no trimestre até abril caiu para 7,5%, ante 7,9% até março, a menor taxa para o período desde 2014 e abaixo da estimativa mediana (7,7%). A massa salarial atingiu recorde de R$ 313,137 bilhões. O saldo do Caged em abril, de 240.033 vagas, ficou no teto das estimativas (240 mil).
O sinal amarelo para novos cortes da Selic também apareceu com o IGP-M de maio, que subiu 0,89%, superando a estimativa mediana (0,82%), ante 0,31% de abril, e os dados do setor público consolidados. O superávit de abril, de R$ 6,688 bilhões, pior resultado para o mês desde 2019, ficou bem abaixo do piso da projeção, de R$ 12,4 bilhões.
Nesse ambiente mais hostil ao risco, o discurso do presidente Lula em evento para anunciar linhas de crédito para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul foi mal recebido. “Espero que o presidente do Banco Central veja a nossa disposição de reduzir a taxa de juros e, quem sabe, colabore conosco, reduzindo a taxa Selic, para que possamos emprestar, com juros ainda mais baratos, com spreads mais baratos”, afirmou .
“Desde a dissidência do Copom, esse tipo de afirmação acaba pesando ainda mais no mercado do que o risco fiscal”, diz Veronese, da B. Side. Os diretores do Copom que defenderam a redução da Selic em 0,50 ponto Selic em maio foram justamente os indicados pelo atual governo, que também indicará o nome para comandar o Banco Central a partir de 2025, em substituição a Roberto Campos Neto.
joias vip
site uol
uol pro
bola de futebol png
bolo de futebol png
oi google tudo bem