Central do Brasil, filme de Walter Salles, lançado em 1998, é uma das mais importantes produções nacionais desde a retomada. A obra teve uma temporada incrível de produções, ganhando o Urso de Ouro em Berlim e levando Fernando Montenegro ao Oscar de Melhor Atriz. Além do sucesso no circuito cinéfilo, o filme que narra a emocionante trajetória de Dora e Josué (Vinícius de Oliveira) está presente na memória afetiva do público brasileiro.
No segundo episódio do podcast Cinema Brasileiro, o produtor e diretor Lino Meireles fala sobre a Central do Brasil com Guilherme Amado, colunista político do Metrópoles. Os dois discutem como, ao longo dos últimos 26 anos, os debates sobre o filme de Walter Salles permanecem ativos e geram novas interpretações.
“Mesmo sendo criança, tinha 12 anos, era pré-adolescente, vi muitos filmes que hoje paro e penso: ‘Não sei se colocaria minhas filhas para ver’ . São filmes difíceis, este é um filme difícil. Não tanto pela violência, mas tem algumas questões pesadas aí, mas acho que, assim como um bom livro, um bom filme, a gente, em cada momento da vida, assiste de uma forma diferente”, diz Guilherme Amado.
“Revi muitas vezes Central do Brasil, mais velho, na faculdade, já adulto. E estou muito emocionado com a relação da Fernanda Montenegro com o Vinícius Oliveira, adoro o Josué. Posso assistir esse filme 10, 20, 30 vezes, e sempre será uma relação que vai me tocar”, completa o colunista.
Para Guilherme Amado, a relação transforma os dois personagens: “Ela é resgatada por Josué. Não é ela quem o resgata. É ele quem a resgata ao longo do filme, porque ela se reumaniza na estrada, certo? Em contato com ele.
Lino Meireles defende que o filme teve um papel muito importante. “Para um filme mainstream, em 1998, muita gente até aclamou com esse discurso de mostrar para todo mundo um Brasil profundo, um Brasil que não era exibido nas grandes cidades. Combinando isso com a grande metáfora da própria Central do Brasil, da Estação Rio de Janeiro, com aquele bando de gente que vai e vem todo dia, que vem gente de todo o país, para trabalhar no Rio de Janeiro. E aí o filme faz esse caminho inverso de sair da cidade grande para ir para a cidade pequena, uma pequena vila nordestina”, diz.
Um fenômeno brasileiro
Dirigido por Walter Salles, Central do Brasil apresenta Dora (Fernanda Montenegro), uma mulher que tem como função escrever cartas para analfabetos na emissora carioca que dá título ao filme. Um dia, ela decide ajudar Josué (Vinícius de Oliviera) a encontrar o pai, no interior do Nordeste, após a mãe do jovem ser atropelada.
A Central do Brasil tornou-se um fenômeno mundial, conquistando público e críticas nacionais e internacionais. Entre os prêmios conquistados estão o Urso de Ouro de Berlim de Melhor Filme e o Bafta de Melhor Filme em Língua Não Inglesa. No total, foram 44 conquistas no circuito de premiação.
De todas as indicações, a que mais chamou a atenção foi a cerimônia mais famosa do cinema: o Oscar. Central do Brasil foi indicada para Melhor Filme Estrangeiro e Fernanda Montenegro concorreu à estatueta de Melhor Atriz. Apesar da grande expectativa gerada, os vencedores nas categorias foram, respectivamente, A Vida é Bela, de Roberto Benigni, e Gwyneth Paltrow, de Shakespeare Apaixonado.
“Foi um filme que explodiu o Brasil no cenário cinematográfico internacional. Este foi um tempo antes da Cidade de Deus,
antes do Esquadrão de Elite. O filme venceu o Festival de Berlim, e a nossa Fernandona, Fernanda Montenegro, foi indicada ao Oscar, a primeira brasileira a ser indicada como melhor atriz”, aponta Lino Meireles.
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