Ibovespa fecha quase estável pressionado por Vale, mas apoiado por bancos Por Reuters

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O mercado fechou quase estável nesta segunda-feira, após um pregão sem tendência única, em meio a pressões negativas da Vale, mas apoio dos bancos, com o noticiário mostrando uma nova revisão para cima nas projeções dos economistas para os juros básicos taxa no Brasil em 2024.

Índice de referência para a bolsa brasileira, o Ibovespa registrou variação negativa de 0,05%, aos 122.180,11 pontos, após ajustes de fechamento, após marcar 121.495,63 pontos na mínima e 122.495,33 pontos na máxima do dia. Antes dos ajustes, ainda mantinha sinal positivo.

O volume financeiro totalizou 21,15 bilhões de reais, de uma média diária de 23,6 bilhões de reais no ano.

Segundo o gerente de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, não existem catalisadores que estimulem as compras na bolsa paulista no curto prazo. Mesmo em um dia de queda nos rendimentos do Tesouro, disse ele, perspectivas fiscais e de inflação mais negativas no Brasil prejudicam o interesse nas ações brasileiras.

Nesta segunda-feira, pesquisa Focus feita pelo Banco Central com economistas mostrou novo aumento na previsão para a Selic, com estimativas apontando agora para apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual em 2024, com a taxa encerrando o ano em 10,25%. Para 2025, a previsão aumentou de 9% para 9,18%.

A pesquisa também apontou nova deterioração nas projeções para a inflação medida pelo IPCA para 2024 e 2025.

Dados da B3 (BVMF:) mostram que os estrangeiros também continuam vendendo mais do que compram, com saldo de maio até o dia 29 negativo em 824,8 milhões de reais. No ano, as saídas líquidas ultrapassam os 35 bilhões de reais, segundo os dados mais recentes disponíveis, que não consideram as ofertas de ações.

Nem mesmo o forte alívio nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA nesta sessão, com os dados da atividade industrial dos EUA apoiando as expectativas de que o Federal Reserve reduzirá as taxas de juros ainda este ano, foi suficiente para entusiasmar os investidores no mercado brasileiro.

As bolsas de valores de Nova Iorque, no entanto, tiveram um desempenho misto, enquanto os agentes financeiros aguardam especialmente os dados do mercado de trabalho norte-americano esperados para os próximos dias, incluindo a “folha de pagamentos” de sexta-feira, com a decisão de política monetária da Fed no seu radar. no fim do mês.

Em sua carteira recomendada para o mês, estrategistas do BTG Pactual (BVMF:) afirmaram que, após mais um desempenho fraco em maio, ainda acreditam que o Ibovespa está muito barato e que já está precificando perspectivas fiscais piores no Brasil e mais lentas cortes e descidas das taxas de juro nos EUA.

“Não vislumbramos nenhum catalisador interno relevante, mas acreditamos que uma melhoria nas perspetivas de redução das taxas de juro nos EUA pode ser suficiente para desencadear um melhor desempenho”, afirmaram Carlos Sequeira e equipa num relatório enviado aos clientes.

DESTAQUES

– ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:) fechou com alta de 1,4% e BRADESCO PN (BVMF:) subiu 0,3%. No setor, o BTG PACTUAL UNIT valorizou 3,07% após o anúncio, no final da semana passada, de que se comprometeu a comprar o controle acionário do Banco Nacional.

– VALE ON (BVMF:) caiu 2,1%, afetada pela queda dos futuros na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian terminou o dia com perda de 2,65%, a 843,5 yuans (116,42 dólares) por tonelada, o valor mais baixo desde 17 de abril.

– PETROBRAS PN (BVMF:) caía 0,54%, em meio à fraqueza dos preços externos, com o barril encerrando o dia negociado em queda de 3,39%.

– HYPERA ON fechou em alta de 5,38%, em dia de recuperação, após três quedas consecutivas, período em que acumulou perda superior a 9%.

– LWSA ON ganhou 3,93%, tendo como pano de fundo que o conselho de administração da tecnológica aprovou a recompra de cerca de 31 milhões de ações, o equivalente a 7,36% do total de ações em circulação no mercado. O prazo do programa é de 18 meses.

– EMBRAER ON (BVMF:) avançou 1,38%, com expectativas relacionadas às entregas, enquanto o BTG Pactual incluiu os títulos em sua carteira recomendada para junho. A empresa também anunciou que a Mexicana de Aviación, companhia aérea estatal do México, encomendou 20 jatos modelo E2.

– SUZANO (BVMF:) ON caía 3,26%, com o BTG Pactual excluindo as ações da fabricante de papel e celulose de sua carteira de recomendações para junho, afirmando que a tese de investimento mudou após a empresa anunciar que estuda uma oferta da International Paper.

– BRASKEM PNA (BVMF:) caía 1,43%, após a notícia de que o ex-ministro Guido Mantega havia sido procurado pelo governo para integrar o conselho de administração da petroquímica. “Fui contactado pela Casa Civil e me coloquei à disposição”, disse Mantega à Bloomberg. “Se os acionistas e a assembleia decidirem isso, então passarei a fazer parte do conselho da Braskem.”

– A DASA ON, que não está no Ibovespa, disparou 11,4%, com nota do colunista do Globo Lauro Jardim no radar, citando pessoa diretamente envolvida na transação, que uma potencial fusão dos hospitais da empresa com os da Amil “ou fecha na sexta-feira ou possivelmente a transação morre.