SÃO PAULO (Reuters) – O Banco Central avalia que o apetite ao risco das instituições financeiras aumentou e o ambiente continua exigindo atenção, considerando que o cenário global prospectivo ainda apresenta riscos que podem levar à materialização de cenários de repricing para ativos financeiros globais.
Segundo a ata da reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) divulgada nesta quarta-feira, o ritmo de crescimento do crédito às famílias se estabilizou após um longo período de desaceleração, e há sinais de aquecimento em modalidades como veículos e crédito não financeiro . consignado. Mas foi observada uma piora nos critérios de concessão.
“O compromisso da dívida e dos rendimentos mantêm-se historicamente elevados”, destacou o documento, citando que nas empresas o ritmo de crescimento do crédito aumentou, mas sem qualquer alteração relevante nos critérios de concessão.
Em relação ao cenário global, o BC avalia que as incertezas sobre a extensão do período de juros elevados e os níveis de equilíbrio das taxas de juros no longo prazo, as pressões decorrentes do diferencial de juros sobre as moedas, as preocupações com a sustentabilidade fiscal e a suscetibilidade dos mercados a possíveis perturbações na oferta contribuem para manter sob atenção os riscos de reavaliação dos ativos.
“O Comef avalia que a exposição do (sistema financeiro nacional) ao risco cambial é baixa e a dependência de financiamento externo é pequena”, apontou a ata. “A transparência, a previsibilidade e a credibilidade na condução das políticas monetárias, fiscais e macroprudenciais são essenciais para mitigar os riscos sistémicos.”
O documento reforçou ainda que o Comef está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e continua preparado para agir, de forma a minimizar qualquer contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais.
O BC também considera que os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no médio prazo, embora haja incertezas a serem monitoradas.
Em relação ao Rio Grande do Sul, o BC considerou que as medidas adotadas até o momento pelo Conselho Monetário Nacional e pela autoridade monetária favorecem a renegociação das dívidas existentes e aumentam a liquidez das instituições financeiras nas quais representam devedores de municípios em estado de calamidade mais de 10% do total da carteira de crédito.
“Isto permite que os mutuários de crédito tenham melhores condições para enfrentar a situação de emergência, preservando ao mesmo tempo a capacidade das instituições oferecerem crédito aos agentes afectados pelas cheias”, afirmou.
“O Banco Central continua monitorando a intermediação financeira na região, podendo adotar medidas adicionais a fim de manter o funcionamento eficiente e a solidez do sistema financeiro.”
(Por Camila Moreira)
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