Depois de se aproximar de R$ 5,30 na quarta e fechar no maior nível desde 5 de janeiro de 2023, apresentou queda firme na sessão desta quinta-feira, 6. Operadores afirmam que a alta das commodities e o sinal predominante de queda da moeda americana no exterior abriram espaço para um movimento de correção e desmantelamento de posições cambiais defensivas. Houve também relatos de internalização de recursos pelos exportadores para aproveitar os preços mais elevados.
Além de um avanço específico e muito limitado pela manhã, quando se aproximou de R$ 5,31 na máxima (R$ 5,3082), o dólar à vista operou em baixa durante o restante da sessão. Com mínima de R$ 5,2414, a moeda encerrou o dia em queda de 0,89%, cotada a R$ 5,2508.
Na quarta-feira, na B3 (BVMF), as posições compradas (que ganham com a alta da moeda americana) de estrangeiros em derivativos cambiais atingiram novo recorde histórico, ultrapassando US$ 73 bilhões.
O real se destacou nesta quinta-feira entre as moedas emergentes e exportadoras de commodities mais relevantes. Entre os pares latino-americanos, os ganhos do cobre avançaram. O dólar, que na quarta apresentou recuperação, voltou a sofrer nesta quinta, com queda de quase 2% em relação ao dólar. Há temores de mudanças constitucionais no México depois que a candidata do governo Claudia Sheinbaum venceu as eleições presidenciais e obteve uma grande maioria no Congresso.
Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, há uma correção de certo exagero na desvalorização dos ativos domésticos em geral nas últimas semanas. Já enfraquecido ao longo de maio devido à piora da situação fiscal, o real desvalorizou mais nos pregões de terça e quarta com o aumento da incerteza com as eleições em países emergentes, como o México.
“Hoje dá para tirar um pouco desse exagero, com a ajuda das commodities. Já vi o câmbio se desvalorizando demais em R$ 5,15 e R$ 5,20, apesar do aumento do prêmio de risco doméstico”, diz Lima.
Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a seis moedas fortes, o índice operou com leve queda e ficou na casa dos 104,1 mil pontos no final da tarde. Apesar do corte nas taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, ganhou força com o tom conservador do BCE, que elevou as projeções de inflação e não se comprometeu com novos cortes.
Nos Estados Unidos, as expectativas de cortes de juros por parte da Reserva Federal (Fed, banco central americano) em Setembro consolidaram-se acima dos 60%, na sequência dos dados desta semana (relatórios Jolts e ADP) que sugerem moderação no mercado de trabalho. Esta quinta-feira, os pedidos semanais de subsídio de desemprego superaram as expectativas.
Na sexta-feira, dia 7, será divulgado o relatório oficial de emprego (folha de pagamento) de maio, um indicador-chave para refinar as apostas em torno da política monetária americana. Por enquanto, as chances são maiores de uma redução acumulada de 50 pontos-base na taxa básica neste ano.
O economista-chefe da Western Asset salienta que a sequência de dados de actividade mais fracos nos EUA não só dissipou os receios de um maior aperto monetário, mas também sugere que há espaço para a Fed começar a reduzir as taxas de juro em algum momento deste ano.
“Uma redução da incerteza nesta questão do processo de taxas de juros dos EUA poderia tirar parte da pressão sobre as moedas emergentes e o real”, diz Lima, acrescentando que a moeda brasileira também poderia se beneficiar de uma recuperação na credibilidade do Banco Central, se houver é uma decisão consensual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês. “Uma votação unânime alinhada ao objetivo de atingir a meta de inflação em 2025 pode ajudar o real.”
Em evento em São Paulo, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, procurou minimizar a importância da divisão entre os dirigentes do Copom em maio e afirmou que a desancoragem das expectativas de inflação coloca a gestão da política monetária em uma situação “mais situação delicada”. .
“Vamos sem orientação para a próxima reunião, abertos às possibilidades que existem”, disse Galípolo, um dos quatro diretores indicados pelo governo Lula que votou por uma redução maior (0,50 ponto percentual) da Selic em maio, quando a maioria optou pelo corte de 0,25 ponto.
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