Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A cotação à vista fechou a segunda-feira em forte alta frente ao real, no maior valor desde janeiro do ano passado, em meio a ajustes técnicos em comparação ao movimento visto no final da sessão de sexta-feira, quando o ruído prejudicou os negócios no Brasil, e em linha com a valorização da moeda norte-americana no exterior, com peso do cenário político europeu.
As incertezas em torno da questão fiscal brasileira e seus impactos na política de juros do Banco Central também contribuíram para o aumento dos preços.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,3565 reais na venda, alta de 0,60%. Este é o maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023, quando fechou em 5,4513 reais.
Na B3 (BVMF), porém, a moeda norte-americana para julho – a mais líquida atualmente – oscilou perto da estabilidade. Às 17h17, subia 0,06%, para 5,3680.
Na sexta-feira, rumores de que o governo teria sinalizado a possibilidade de alterações no atual quadro fiscal aceleraram os ganhos do dólar, embora tenham sido posteriormente negados pelo ministro das Finanças, Fernando Haddad.
O dólar à vista fechou a sexta-feira com alta de 1,44%, a 5,3247 reais, mas o dólar de julho – que encerra a sessão mais tarde – subiu bastante, encerrando em alta de 1,80%, cotado a 5,3650 reais.
Essa discrepância de 4 centavos de real entre o fechamento do dólar de julho e o dólar à vista de sexta-feira gerou ajustes técnicos nesta segunda-feira. Na prática, o dólar à vista subiu mais em termos percentuais durante a sessão, enquanto a moeda para julho apresentou altas mais modestas.
“É mais um ajuste técnico do que qualquer coisa”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, durante a tarde, ao justificar o avanço mais intenso do dólar frente ao real no mercado à vista.
No início da sessão, o dólar à vista oscilava em território negativo, atingindo mínima de 5,3155 reais (-0,17%) às 9h13. Mas os preços aceleraram nas primeiras horas do dia, com a moeda à vista atingindo o máximo de 5,3901 reais (+1,23%) às 10h17.
A alta de mais de 1% foi justificada pelos ajustes técnicos em relação a sexta-feira e pelo avanço do dólar também no exterior frente às moedas fortes e grande parte das moedas emergentes.
Em particular, o euro foi penalizado depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado que iria dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas para o final deste mês, depois de ter sido derrotado nas eleições europeias pelo partido de extrema-direita de Marine Le Pen. .
Além do exterior, profissionais ouvidos pela Reuters citaram o desconforto com o cenário fiscal brasileiro como motivo para os preços permanecerem em patamares elevados.
“O mercado está a negociar de forma mais cautelosa com as taxas de juro (futuras), porque aqui há incerteza com a política fiscal e monetária. Tudo isso é um fator de insegurança, então talvez tenhamos apenas um gatilho vindo da Europa”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, ao avaliar os motivos para o dólar seguir em alta nesta segunda-feira. feira incluindo o mercado futuro – cujos preços já haviam subido na sexta-feira.
Internamente, a cautela antes da divulgação de dados econômicos importantes também permeou os negócios: na terça será divulgada a inflação oficial de maio no Brasil e na quarta será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nos EUA, além dos índices monetários do Federal Reserve. decisão política.
No final da tarde, o dólar continuou a subir em relação à maioria das outras moedas. Às 17h16, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,07%, para 105,130.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos para rolagem dos vencimentos de agosto.
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