O projeto de resolução que dá competência à Mesa Diretora da Câmara para suspender, por até seis meses, o mandato de deputado federal acusado de quebra de decoro parlamentar deve ir para votação no plenário nesta quarta-feira (12). A urgência do projeto 32/24 foi aprovada ontem, por 302 votos contra 142, com a promessa de votação hoje do mérito do texto.
A medida foi resistida por parlamentares que acreditam que ela confere poder excessivo ao Conselho de Administração. Por outro lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defende que a medida é necessária para conter os ânimos na Casa, após sucessivos casos de agressões verbais e quase físicas.
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) reclamou que a medida permite que a Diretoria persiga adversários políticos e proteja aliados.
“Isso significa que agora o presidente da Câmara poderá, como medida cautelar, determinar o afastamento de um parlamentar do seu mandato? Será ampliada desta forma a competência do presidente da Câmara, em conjunto com a Mesa Diretora, para destituir um Deputado Federal, para que o Conselho de Ética posteriormente se pronuncie sobre o caso?”, questionou o deputado fluminense.
Os partidos PSOL, Rede e Novo, além da oposição, se opuseram ao texto. O PL – maior partido da Câmara – liberou a bancada, que votou esmagadoramente contra o projeto. Dos 91 deputados do PL, 68 votaram contra e 16 a favor da urgência.
De autoria da Mesa Diretora da Câmara, a proposta foi defendida pelo presidente Arthur Lira. “Não há usurpação de competência. A única mudança é uma medida cautelar para casos gravíssimos como os que aconteceram e vêm acontecendo repetidas vezes nesta Câmara. E quem tem bom senso sabe que o limite já foi ultrapassado há muito tempo”, afirmou.
Pelo texto, a Mesa Diretora da Câmara – composta por 11 parlamentares, sete deputados e quatro deputados e liderada por Lira – poderá apresentar representação contra parlamentares por quebra de decoro. O colegiado terá 15 dias, contados a partir do conhecimento do fato que motivou a representação, para suspender o mandato do deputado por meio de medida cautelar.
A suspensão deverá ser comunicada ao Conselho de Ética, que terá prazo de 15 dias para aceitar ou rejeitar a decisão do Conselho. A suspensão cautelar terá prioridade nas deliberações do Conselho, que precisará formar maioria absoluta para derrubar ou manter a decisão do Conselho.
O texto prevê ainda a possibilidade de apresentação de recursos ao plenário da decisão do Conselho de Ética, no prazo de até cinco sessões da Câmara. A proposta também confere aos presidentes das comissões as mesmas prerrogativas do presidente da Câmara para manter a ordem nas reuniões, como advertência ou censura, caso algum deputado atrapalhe os trabalhos.
Atualmente, um deputado só pode ser suspenso por decisão do plenário da Câmara, após decisão do Conselho de Ética.
Entender
A proposta que altera o Regimento Interno da Câmara para permitir suspensão cautelar do mandato parlamentar por decisão da Mesa Diretora foi apresentada por Lira nesta terça-feira (11) após críticas na semana passada motivadas por sucessivos embates entre parlamentares.
Durante a sessão que abriu o processo do Conselho de Ética contra o deputado André Janones (Avante-MG) na semana passada, o parlamentar quase brigou com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Na mesma semana, após acalorada discussão na Comissão de Direitos Humanos, a deputada Luiza Erundina adoeceu e precisou ser internada.
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