Lula volta a defender exploração de petróleo na Margem Equatorial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, nesta quarta-feira (12), a exploração de petróleo na Margem Equatorial Brasileira. “Nós [o Brasil], no momento em que começarmos a explorar a chamada Margem Equatorial, creio que daremos um salto extraordinário de qualidade. Queremos fazer tudo de forma legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo. Mas não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de fazer este país crescer”, afirmou.

Lula participou, nesta quarta-feira (12), da abertura do Fórum de Investimentos Prioritários 2024, no Rio de Janeiro. Com o tema investir em dignidadeo evento foi organizado pelo Future Investment Initiative Institute (FII Institute), na Arábia Saudita.

Considerada um possível “novo pré-sal”, a Margem Equatorial abrange uma área que vai do litoral do Rio Grande do Norte ao do Amapá, estendendo-se desde a foz do rio Oiapoque até o litoral norte do Rio Grande do Norte. Abrange as bacias hidrográficas da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.

A exploração da região é fortemente contestada por grupos ambientalistas, mediáticos e internacionais que questionam a expansão da exploração de hidrocarbonetos, vista como a principal responsável pelo aquecimento da terra. Além disso, os ambientalistas veem risco de impactos à biodiversidade, principalmente na foz do rio Amazonas, considerado o local mais sensível.

“Temos um debate técnico que precisa ser feito. O problema é que no Brasil tudo é polêmico. Você tem petróleo em um só lugar, a Guiana está explorando, o Suriname está explorando, Trinidad e Tobago está explorando, você vai deixar o seu inexplorado? Então, o que precisamos é garantir que a questão ambiental será levada 100% a sério. Então, vamos garantir isso e, portanto, vamos falar muito sobre isso”, afirmou Lula.

Entre os participantes do fórum desta quarta estão autoridades públicas, investidores e líderes empresariais, incluindo a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A empresa possui poços de petróleo na Margem Equatorial e pretende investir mais. Em seu Plano Estratégico 2024-2028, a Petrobras previu investimento de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na região. A expectativa é perfurar 16 poços nestes quatro anos.

Em maio do ano passado, houve grande repercussão sobre essa exploração quando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama) negou o pedido da Petrobras para a realização de atividades de perfuração offshore no bloco FZA-M-59. Está localizado na bacia da Foz do Amazonas. A Petrobras apresentou novo pedido, ainda sem resposta. O andamento das obras nas demais localidades, por sua vez, conta com a aprovação do Ibama, que concedeu a licença de operação para perfuração de poços na Bacia Potiguar.

Investimentos

No mesmo discurso de abertura do fórum, porém, Lula destacou o potencial do Brasil na bioeconomia e nas energias renováveis. O presidente falou da importância de priorizar a dignidade humana na busca da prosperidade económica, alinhando-a também com o desenvolvimento sustentável, com investimentos nas transições ecológica e digital, na inclusão social e na tecnologia e inovação.

“Não adianta construir ilhas de prosperidade rodeadas de miséria. Muito dinheiro nas mãos de poucos significa fome, doença, analfabetismo e crime. Mas se muitos tiverem pelo menos um pouco, a sociedade muda para melhor. Num cenário internacional de tantas incertezas, o Brasil se estabelece como um porto seguro. Somos um país amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas. Dialogamos e negociamos com todos que podem e querem contribuir para o progresso do país e do mundo”, disse aos investidores.

Ele citou a tragédia climática e as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio e disse que a reconstrução do estado exigirá “investimentos massivos do governo e do setor privado”. “Não há negação capaz de refutar a tragédia que se abateu sobre nossos irmãos gaúchos. O investimento público é decisivo na indução do desenvolvimento. Mas o capital privado pode ser um aliado dinâmico, se o Estado e as empresas convergirem em torno da mesma visão de futuro”, destacou.

Lula agradeceu à Arábia Saudita, país organizador do fórum de investimentos, e falou sobre o fortalecimento da relação saudita com o Brasil. Durante seu discurso, o presidente também deu garantias de estabilidade política, jurídica e econômica no Brasil, listou dados sobre o crescimento da atividade produtiva e afirmou que está “colocando as contas públicas de forma a garantir o equilíbrio fiscal”.

“A escolha do Rio de Janeiro para sediar este evento sinaliza a confiança que mais de mil participantes depositam em nosso país”, disse.

“Vejo um grande potencial para ganhos recíprocos na relação com a Arábia Saudita e quero que seja um exemplo modelo para as relações sul-sul [de países do hemisfério sul] que pretendemos promover. Existem claros pontos de convergência entre os nossos projetos de desenvolvimento. O objetivo da Visão 2030 de diversificar a economia e crescer com inovação é também o que nos move”, afirmou, falando também das expectativas para a criação de um fundo de investimento bilateral.