O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 13, que apenas o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), sabe a “verdade” sobre os fatos que levaram ao seu indiciamento pela Polícia Federal. Indicou ainda que não tem pressa em resolver a questão e afirmou que terá uma “conversa franca” com o ministro quando este regressar da Cimeira do G7 em Itália, onde participará hoje como convidado.
Lula falou sobre a situação de Juscelino após chegar a Genebra, na Suíça, para participar do fórum inaugural da Coalizão Global pela Justiça Social, iniciativa lançada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O ministro foi indiciado em inquérito da PF sobre suspeita de desvio de recursos federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales de São Francisco e Parnaíba (Codevasf), caso revelado pela Estadão em janeiro de 2023. Da Suíça, o presidente iria para a Itália ontem à noite.
Pressionando o governo, as suspeitas em torno de Juscelino levaram o presidente a fazer um cálculo político. Como apurou o Estadão/Transmissãoum dos principais fatores que pesarão na decisão sobre a saída ou permanência do ministro das Comunicações no Esplanada é a fragilidade da base do governo no Congresso (mais informações nesta página).
“Quando eu voltar[AO BRASIL], depois do G7, vou sentar e descobrir o que realmente aconteceu”, comentou o presidente. “Eu falo para todo mundo, só vocês sabem a verdade. Se você cometeu um erro, reconheça que cometeu. Se você não cometeu, lute pela sua inocência”, acrescentou Lula, dizendo que esta é uma orientação dada a todos os seus ministros. “Só ele sabe a verdade, mais ninguém”.
O ministro foi indiciado anteontem, após a PF concluir as investigações sobre desvio de recursos federais da Codevasf. A corporação acusa Juscelino dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ó Estadão apurou que o relatório final da investigação também cita a suspeita de crimes de falsidade ideológica, frustração de caráter concorrencial de licitação e violação de sigilo em licitações, previstos no Código Penal.
‘Ação política’
Em nota divulgada nesta quarta-feira, 12, o ministro afirmou que o indiciamento é “uma ação política e previsível” e “parte de uma investigação que distorceu premissas, ignorou fatos e nem ouviu a defesa sobre o alcance da investigação”. . Segundo ele, a investigação “repete o modus operandi da Operação Lava Jato”.
Após a acusação, o União Brasil, partido que indicou Juscelino para formar a Esplanada, manifestou “total apoio” ao ministro. Nota da Executiva Nacional do partido diz que não admitirá “preconceitos” e defende que o princípio da presunção de inocência e do devido processo legal sejam “rigorosamente respeitados”.
“É importante esclarecer que esta investigação não tem relação direta com a atuação de Juscelino Filho como ministro das Comunicações. Curiosamente, ela teve início após sua nomeação para o primeiro escalão do governo federal, o que levanta suspeitas sobre uma possível atuação direcionada e parcial na investigação “, afirma o União Brasil no comunicado.
Anteriormente, Lula havia adotado um tom mais brando e minimizado o indiciamento do auxiliar, apesar de afirmar que “as pessoas precisam provar que são inocentes”.
‘Erro’
Segundo o presidente, a inclusão do ministro das Comunicações nos crimes apontados pela PF não significa que ele “cometeu um erro”. “O fato do cara estar indiciado não significa que o cara errou. Significa que alguém está acusando e a acusação foi feita”, disse. “Agora, as pessoas precisam provar que são inocentes, e ele tem o direito de provar que é inocente.”
Lula destacou que, até aquele momento, não havia falado com o ministro, pois estava em viagem. “Tomarei uma decisão sobre este assunto”, reiterou o presidente na conversa com os jornalistas. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
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