Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – O grupo Comerc Energia inicia na próxima semana a operação comercial da última usina solar de seu atual plano de investimentos em geração renovável em grande escala, ciclo que já consumiu 5,5 bilhões de reais em aportes desde 2021 e que levou a empresa atingir um portfólio de 1,8 gigawatt (GW) de capacidade instalada.
Agora, a Comerc começa a se preparar para um novo ciclo de investimentos na área, também focado em fontes solares, com o “apetite” de seus controladores e em um momento de melhora na evolução dos preços da energia no país, disse à Reuters Pedro Fiuza, vice presidente de geração centralizada da Comerc.
O grupo, que é um dos maiores em comercialização, gestão e soluções energéticas do país e tem a Vibra como acionista, inaugurou nesta sexta-feira em Minas Gerais a usina solar São João do Paracatu, com 267 megawatts-pico (MW), e inicia atividade comercial na próxima semana na usina de Várzea, com 118 MWp, também em Minas Gerais.
As grandes usinas solares da Comerc têm sua energia contratada no mercado livre, principalmente de grandes consumidores eletrointensivos, como mineradoras e produtoras de alumínio.
“Demos um passo de cada vez, o desafio foi grande demais para esse primeiro ciclo de investimentos. Concluímos e estamos entregando dentro do prazo, isso nos dá muita tranquilidade para discutir o segundo ciclo”, disse Fiuza.
Segundo o executivo, a execução dos investimentos no prazo e o bom desempenho observado dos projetos já em operação garantem “conforto” aos acionistas da Comerc, que querem continuar crescendo na geração renovável, disse.
Ainda não há definição do tamanho do próximo ciclo de investimentos, mas a proposta é continuar investindo em energia solar, área de “expertise” da Comerc. O grupo tem participação minoritária em parques eólicos de terceiros, mas atualmente não está no radar para se tornar operador ou sócio majoritário nos projetos da fonte, disse Fiuza.
AQUISIÇÕES NO RADAR
A empresa agora prospecta a compra de projetos solares em estágio inicial, com outorgas e licenças, para desenvolver e construir.
A avaliação é que o cenário de baixos preços de energia no Brasil, que até então se mostrou desafiador para viabilizar o lançamento de novos “greenfields”, está melhorando.
Num ambiente de preços de energia deprimidos, os consumidores do mercado livre tendem geralmente a comprar energia a curto prazo e a evitar contratos mais longos, dificultando a negociação de contratos para novas grandes centrais.
“Temos visto o mercado voltando, os preços voltando, com mais volatilidade… Hoje está muito melhor do que no final do ano passado. Há cerca de nove meses tínhamos pouca aceitação dos clientes para negociar contratos de longo prazo. a agenda da equipe está muito mais cheia.”
O executivo comentou ainda que a empresa tem visto empresas interessadas em comprar seu complexo solar Hélio Valgas, um dos maiores do país, com 662 MWp.
Segundo ele, a Comerc não “procurou ativamente” sondar o mercado para uma venda, mas o empreendimento chamou a atenção de terceiros por ter contrato de compra e venda de energia (PPA) no país, já que a energia é contratada com um cliente exportador .
“São poucos projetos com essa característica, isso por si só já desperta o interesse de alguns players do mercado. Diante dessa realidade, comentamos aos bancos que estamos abertos (a fazer negócios)”.
“Se chegarmos a um preço que faça sentido (de vender Hélio Valgas), reciclar capital e realocar, nós fazemos isso, mas não é uma orientação do nosso acionista e do conselho de administração vender ativos ativamente”, acrescentou Fiuza.
Paralelamente, a Comerc continua crescendo na geração distribuída solar, modalidade que envolve pequenos projetos, de até 5 MW, com mais 1,5 bilhão de reais em investimentos a serem executados até 2025. Somando seu portfólio em “GD” e fatias em eólica fazendas, o grupo atinge 2,1 GW de capacidade instalada.
(Por Letícia Fucuchima)
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