Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Em uma semana de desconfiança em relação ao governo Lula e pressão sobre os ativos brasileiros, a taxa à vista fechou sexta-feira com novo avanço frente ao real, com o viés de alta vindo do exterior se sobrepondo a certo alívio visto em outros mercados no Brasil, como as taxas de juros futuras, embora as preocupações com o equilíbrio fiscal permaneçam entre os investidores.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,3812 reais na venda, alta de 0,25%. Foi o terceiro aumento de preços na semana, que também teve um dia de baixa e outro com preços próximos da estabilidade. Na base semanal, o dólar subiu 1,06%.
Às 17h31, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 0,29%, a 5,3900 reais na venda.
Na sessão desta quinta, o dólar recuou frente ao real após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros em defesa do equilíbrio fiscal. Nesta sexta-feira, a moeda viveu nova mínima, tendo atingido a cotação mínima de 5,3437 reais (-0,45%) às 9h45, mas durante a tarde a moeda se firmou em território positivo, acompanhando a tendência externa.
“O dólar até teve um bom ajuste, chegando a 5,34 reais, mas depois reverteu e começou a subir levemente, mais em linha com a alta vista no exterior”, pontuou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. “Na verdade, a moeda parece estar tentando encontrar um ponto de equilíbrio após a forte pressão observada esta semana”, acrescentou.
A nova alta do dólar ocorreu apesar da curva de juros registrar maior alívio nesta sexta, com as taxas DI (Depósitos Interfinanceiros) caindo 15 pontos-base em alguns vencimentos.
Alguns profissionais afirmaram que, no mercado de câmbio, os investidores parecem ter medo de assumir mais posições vendidas (no sentido de queda da moeda norte-americana), em meio a temores contínuos sobre o equilíbrio fiscal brasileiro.
Há também a percepção, segundo dois profissionais consultados pela Reuters, de que parte do mercado pode estar “testando” o Banco Central, para saber até que ponto cotações próximas de 5,40 reais ainda deixam a autoridade confortável do ponto de vista de controle . da inflação.
Por trás disso está a expectativa de que o BC possa entrar em negócios para manter os preços por meio de leilões extras de swap cambial – equivalente à venda de moeda no mercado futuro.
Em suas comunicações oficiais, porém, o BC sempre reitera que as intervenções no mercado só são realizadas em caso de distorções, e não para segurar os preços. Na última vez que realizou leilão extra de swaps, no início de abril, o BC buscou atender a demanda adicional gerada pelo resgate do título NTN-A3, atrelado ao câmbio.
No exterior, o dólar continuou a subir face a um cabaz de moedas fortes, sendo especialmente penalizado pelos receios em torno da possível vitória da extrema direita nas eleições antecipadas em França. A moeda dos EUA também subiu em relação à maioria das outras moedas.
Às 17h25, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,25%, para 105,500.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos para rolagem dos vencimentos de agosto.
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